Bragança, cidade distante que aproxima quem a visita e que dos seus encantos guardará recordações. Urbana como outra cidade, mas indissociável da ruralidade transmontana e costumes tradicionais que os bragantinos lutam para que não caiam no esquecimento. Visitar Bragança obriga a passeios atentos pelo seu centro histórico e, para uma experiência ainda mais enriquecedora, convida a conhecer as aldeias do seu município instaladas em pleno Parque Natural de Montesinho.
Numa tentativa de agregar o melhor que Bragança tem para oferecer, partilhamos a nossa visita por uma das regiões mais genuínas e autênticas de Portugal. Da cidadela aos museus, da gastronomia às aldeias históricas, motivos para o trazer a esta cidade são tão vastos e distintos que certamente lhe irão agradar.
Bragança | Dicas Úteis
- Como chegar?
Um dos motivos que retardam uma visita a Bragança é o facto de ser tão distante, contudo hoje em dia existem acessibilidades que reduziram, e muito, o tempo de chegada à cidade. A melhor forma de chegar a Bragança é de automóvel e os acessos mais comuns são através da A4 e do IP2. Caso venha de Lisboa são cerca de 5h de viagem e do Porto pouco mais de 2h de viagem.
Caso pretenda ir de transportes públicos, não existe ligação de comboio, a solução será viajar de autocarro através da Rede Expresso, será uma viagem demorada mas certamente económica. Conheça os horários aqui.
- Quando visitar?
Para visitar Bragança todos meses são bons, mas nós temos as nossas preferências. Se o objetivo é conhecer o património histórico da cidade é possível fazê-lo de inverno desde que devidamente agasalhado. As estações do ano que aconselhamos para visitar Bragança e arredores são a Primavera e o Outono.
Na Primavera as temperaturas são amenas e as paisagens serranas enchem-se de flores, principalmente as amendoeiras que enchem a paisagem de branco. No Outono as temperaturas voltam a tornar-se mais amenas e as paisagens ganham novos encantos desta vez pelos tons outonais, alaranjados e avermelhados. As faias douradas, os castanheiros com os seus ouriços verdes prestes a cair e, claro, a Brama dos Veados, uma chamada de acasalamento que é um verdadeiro espetáculo que ocorre entre setembro e outubro.
- Onde dormir?
Bragança é uma cidade bem munida de opções de alojamento, sejam eles mais económicos ou mais luxuosos. O nosso conselho para quem pretenda visitar a cidade e conhecer igualmente alguns lugares nos arredores, nomeadamente o Parque Natural do Montesinho, é montar o seu quartel general em Bragança e conhecer as redondezas a partir daí.
Na nossa passagem ficámos alojados no Baixa Hotel, que fica localizado numa zona central de Bragança, bem perto da Praça da Sé, com quartos modernos, confortáveis e funcionais. Além da qualidade apresenta uma excelente relação qualidade/preço, 40€ por noite.
- Onde comer?
A gastronomia é por si só um bom motivo para o trazer até Bragança. Em Trás-os-Montes comer bem é algo indispensável e as iguarias regionais são mais do que muitas, desde logo, os produtos de fumeiro, a posta mirandesa, a feijoada transmontana, cogumelos e, claro, as suas afamadas castanhas.
Na nossa passagem tivemos a oportunidade de conhecer o Restaurante Solar Bragançano, localizado na Praça da Sé onde, entre várias opções, irá encontrar o cabrito de montesinho, a famosa vitela mirandesa e vários pratos de caça. Na aldeia de Gimonde localiza-se o Restaurante O Abel, um dos mais conhecidos na região, que não aceita reserva e que pela fama costuma encher muito rapidamente. Na mesa, a especialidade é a posta mirandesa e a costeleta de novilho, e digamos que foram das melhores carnes de vitela que já comemos na vida.




Bragança | O que visitar?
Visitar a cidade de Bragança é possível num dia completo. Bragança é uma cidade pequena e a maioria dos locais estão localizados a pouca distância uns dos outros. Contudo se quiser desfrutar calmamente dos inúmeros museus de qualidade existentes na cidade pode ser benéfico acrescentar mais um dia ao roteiro.
Praça da Sé
O nosso roteiro pela cidade de Bragança começou nas imediações do hotel onde ficámos instalados, o Baixa Hotel que fica a escassos metros da Praça da Sé, local que, pela proximidade, decidimos iniciar o nosso percurso.
A Praça da Sé é uma praça ampla onde está instalada, como é fácil antever, a Sé Velha de Bragança. Para além da Sé, encontra-se ainda no centro da praça um cruzeiro com o seu fuste todo serpentado e ainda vários solares e casas antigas onde se destaca o edifício conhecido com o Redondo que divide a Rua Abílio Beça da Rua Combatentes da Grande Guerra.

A Sé Velha de Bragança foi construída no século XVI motivada pelo desejo do povo e do 5º Duque de Bragança, D. Teodósio em construir um Convento da Ordem Clarissas. Na fase final da construção foi entregue à Companhia de Jesus que o transformou num Colégio Jesuíta que teve em funcionamento cerca de 200 anos. Com a expulsão da Companhia de Jesus de Portugal o edifício foi entregue à diocese de Miranda do Douro em 1764, que ordenou a sua expansão por forma a possuir as dimensões suficientes para ser Sé. No ano 2004, o espaço do antigo convento sofreu obras de remodelação e recuperação passando a instalar a Biblioteca Municipal, o Centro Cultural Municipal Adriano Moreira, entre outros espaços municipais.

Rua dos Museus (Rua Abílio Beça)
Continuamos pela Rua Abílio Beça conhecida como a Rua dos Museus, por nela se localizarem cinco museus:
- Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, edifício projetado por Souto Moura onde se encontram expostas as obras da pintora transmontana Graça Morais e exposições temporárias de vários artistas.
Informação: Centro de Arte Contemporânea Graça Morais
Entrada: 2,09€/pessoa
Horário: 3ª feira a domingo – 10h às 18h30 (encerra à 2ª feira)

- Centro de Fotografia Georges Dussaud, local onde se encontram expostas obras do fotógrafo francês Georges Dussaud, que na década de 60 se dedicou à fotografia da vida rural transmontana.
Informação: Centro de Fotografia Georges Dussaud
Entrada: gratuita
Horário: 3ª a domingo, 9h00 – 12h30 | 14h00 – 17h30

- Museu do Abade Baçal, alberga uma vasta e importante coleção de arqueologia, arte sacra, pintura, etnografia, entre outras áreas culturais.
Informação: Museu do Abade Baçal
Entrada: 3€/pessoa
Horário: 3ª a domingo, 9h00 – 12h30 | 14h00 – 17h30

- Memorial e Centro de Documentação Bragança Sefardita, localizado numa antiga sinagoga, este espaço recorda-nos a dimensão religiosa, os ritos e os costumes da comunidade sefardita na região da Bragança.
- Centro de Interpretação da Cultura Sefardita do Nordeste Transmontano, inserido na Rede de Judiarias de Portugal, este centro conta as vivências dos “sefarditas” – descendentes de judeus originários de Portugal e Espanha, onde demonstra as privações e dificuldades de um povo perseguido, mas que deixou a sua marca em Trás-os-Montes.
Informação: Memorial e Centro de Documentação Bragança Sefardita e Centro de Interpretação da Cultura Sefardita do Nordeste Transmontano
Entrada: visitas apenas com agendamento, consultar este link.
Entre o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais e o Centro de Fotografia Georges Dussaud localiza-se a Igreja da Misericórdia que se destaca pelo revestimento completo da frontaria a azulejo. No seu interior encontra-se o seu maior valor, o altar-mor, constituído por um valioso retábulo maneirista do século XVII que tem como figura central a Nossa Senhora da Misericórdia.


Igreja São Vicente
Caminhámos até ao fim da Rua dos Museus e fizemos um pequeno desvio à esquerda até um pequeno largo onde se encontra um Monumento de Homenagem aos Combatentes de Guerra. Em frente encontra-se a fachada lateral da Igreja de São Vicente que impressiona com o seu portal maneirista e pelo chafariz que se encontra imediatamente ao lado do portal. Motivados pela curiosidade, decidimos espreitar à porta da igreja para ver o seu interior que, para espanto nosso, possui uma capela-mor magistralmente trabalhada em talha dourada.


Jardim do Castelo
Seguimos depois pela Rua Serpa Pinto até ao ex-líbris da cidade, a Cidadela de Bragança, onde estão localizadas as principais atrações turísticas da cidade. Esta cidadela amuralhada tem a particularidade de a muralha circundante ter a forma de um coração tornando o local ainda mais sentimental e motivo de orgulho.

Quando chegamos às imediações do castelo somos recebidos pelo bem tratado Jardim do Castelo onde não resistimos em descansar num dos seus bancos à sombra das árvores centenárias. Após um breve repouso realizamos a nossa entrada triunfal pela Porta da Vila à descoberta da Bragança Histórica.


Museu Ibérico da Máscara e do Traje
Poucos metros após a entrada localiza-se o Museu Ibérico da Máscara e do Traje onde se encontra uma vasta coleção de trajes e máscaras utilizados nas Festas dos Rapazes ou dos Caretos nas aldeias de Trás-os-Montes, mas também na província espanhola de Zamora. Esta exposição promove um dos traços de identidade mais carismáticos da povoação desta zona fronteiriça que todos os invernos saem à rua interpretando a sua personagem nas chamadas “festas de inverno” enchendo as ruas de folia, animação e um pouco de medo.



Informação: Museu Ibérico da Máscara e do Traje
Entrada: 1,04€/pessoa (domingo até às 13h a entrada é gratuita)
Castelo de Bragança
Saímos do museu de olhos postos no Castelo de Bragança que se encontra a poucos metros e que, pela sua dimensão, não consegue passar despercebido.


O Castelo de Bragança é um dos mais bem preservados castelos de Portugal muito por culpa das várias reconstruções e obras de beneficiação que sofreu ao longo dos séculos. A sua construção remonta à era medieval, em pleno século XIII no reinado D. Dinis como forma de proteção das suas gentes, das investidas castelhanas. Símbolo da sua proteção e imponência está patente na sua Torre de Menagem com 33 metros de altura onde, do seu último piso, conseguimos observar toda a cidade e as paisagens serranas que a envolvem, sendo possível até observar as serras de Montesinho e de Sanabria (norte), a de Rebordões (nordeste) e a de Nogueira (oeste).


Por entre as suas muralhas eleva-se outra torre, a Torre da Princesa, onde segundo uma lenda viveu uma princesa. Segundo consta a princesa apaixonou-se por um nobre, mas pobre cavaleiro que partiu em busca da fortuna, entretanto a princesa recusou todos os pretendentes que surgiram permanecendo na sua torre à espera de seu apaixonado.

No interior do castelo localiza-se ainda o Museu Militar de Bragança onde estão expostas peças bélicas que vão desde o século XII à 1ª Guerra Mundial.

Informação: Castelo de Bragança
Entrada: gratuita para residentes em Portugal
Igreja de Santa Maria
Junto ao castelo encontra-se a Igreja de Santa Maria, também conhecida como a Igreja de Nossa Senhora de Sardão, edificada no século XIV que a torna a igreja mais antiga de Bragança. Inicialmente românica, mas após longa obra de remodelação resultou num estilo barroco que se mantêm até à atualidade como se consegue rapidamente observar no seu portal. O seu maior encanto e valor está no interior, nomeadamente no seu teto com as suas pinturas de uma beleza e arte excecional.

Domus Municipalis
As principais atrações encontram-se separadas por escassos metros, o Domus Municipalis encontra-se localizado ao lado da Igreja de Santa Maria. Este edifício arquitetonicamente diferente, pentagonal de estilo românico terá sido edificado no início do século XVII com dois intuitos: de cisterna (piso inferior), e de sala de reuniões (sala superior).
Embora não haja provas concretas, acredita-se que o piso inferior tinha como funcionalidade o armazenamento de água e o piso superior era local onde os “homens bons” reuniam periodicamente para tomarem decisões relativamente ao rumo da cidade de Bragança.

Muralhas do Castelo de Bragança
Antes de sair da Cidadela não deixe de subir às muralhas para apreciar de uma perspetiva superior as ruelas e casarios antigos que compõe o lado urbano da zona amuralhada da cidade. Para além do interior do castelo consegue ainda observar o lado mais moderno e vibrante da cidade, numa perspetiva perfeita para a Outra Bragança.

Convento e Igreja São Francisco
Já fora da Cidadela, mas não muito distante, localiza-se o Convento e Igreja de São Francisco, uma estrutura enorme cuja edificação remonta ao século XII. Da construção original até aos dias de hoje muito foi remodelado com o tempo e as funcionalidades que lá se desenvolveram também. Construído inicialmente com a funcionalidade de convento no século XIX foi remodelado e passou a instalar o Hospital Militar e atualmente parte do convento está ocupado com o Arquivo Distrital de Bragança.

Miradouro do Santuário de São Bartolomeu
A melhor forma de nos despedirmos de Bragança é apreciar de uma vista superior sobre a Cidadela bem como para a parte mais recente da cidade. No Miradouro do Santuário de São Bartolomeu encontrará a panorâmica perfeita para cidade, onde consegue no seu campo visual visualizar Bragança na totalidade. Será esta lembrança nostálgica que guardará e que decerto o fará querer voltar!


Bragança| O que visitar nos arredores da cidade?
No município de Bragança e nos arredores estão localizados vários locais que não deve deixar de visitar caso esteja de visita a Trás-os-Montes. A região tem muito para conhecer para além do centro histórico de Bragança, os amantes de natureza ficarão encantados com as paisagens, trilhos e cascatas do Parque Natural do Montesinho, os amantes de praia e desporto aquáticos não se importarão de fazer um pequeno desvio até à Albufeira de Azibo e os amantes das aldeias históricas, cheias de tradição ficaram encantados com as aldeias transmontanas.
Mosteiro de Castro de Avelãs
A cerca de 5 km de Bragança localiza-se o Mosteiro de Castro de Avelãs, um dos monumentos mais simbólicos do nordeste transmontano que ilustra a arte românica de influência mudéjares e leonesas, possivelmente o único exemplar em Portugal com estas características. Um mosteiro arquitetonicamente invulgar, com sua alvenaria em tijolo cuja origem é incerta, mas os mais antigos registos remontam para o século XII. Pela proximidade a Bragança justifica plenamente o desvio.

Parque Natural de Montesinho
Encostado a Bragança encontra-se o Parque Natural de Montesinho, um dos locais mais inexplorados e selvagens de Portugal. Num ambiente onde a fauna e a flora abundam, conhecer este Parque Natural é uma experiência incrível e para o qual aconselhamos dedicar alguns dias.
Para os amantes de trilhos pedestres, cascatas e interessados no nosso fantástico património natural este é o local ideal. Ouvir a brama dos veados, conhecer a genuinidade das pessoas que habitam as aldeias que se espalham pelo parque, observar os majestosos castanheiros e carvalhos que pontilham por toda a parte são apenas alguns dos muitos atrativos que irá encontrar neste espaço magnífico do nosso Portugal.

Gimonde
A menos de 10km de Bragança localiza-se a aldeia de Gimonde onde encontramos o melhor que a terra fria transmontana tem para oferecer a quem a visita. Hospitalidade, paisagens soberbas, património histórico valioso e, claro, uma gastronomia de comer e chorar por mais.

Ao entrar em Gimonde sente-se a tranquilidade, da vida ritmada à velocidade da natureza. A simplicidade e as marcas das aldeias rurais estão lá todas: as casas de xisto, as igrejas lá no alto de traços simples, as capelinhas e as ruas estreitas de empedrado. O que torna esta aldeia ainda mais bonita são os rios que atravessam: Rio de Onor e o Rio Sabor que da sua passagem obrigou à construção de duas pontes, a mais antiga de xisto e a mais recente de granito. No Parque Rio de Onor encontra-se ainda outra passagem para outra margem do rio, desta feita, a saltitar por cima das poldras. Pelo menos não caímos ?

A gastronomia é outro dos motivos que afamam Gimonde, tanto pelo fumeiro do seu tradicional porco bísaro, que pode conhecer concretamente no Museu do Bísaro, como da qualidade da posta mirandesa que é habilmente grelhada no Restaurante O Abel.
Rio de Onor
Um dos locais mais afamados do concelho de Bragança é Rio de Onor, recentemente distinguida como uma 7 Maravilhas de Portugal – Aldeias. Em pleno Parque Natural de Montesinho, Rio de Onor divide o nome com rio e o território com a homónima espanhola, Rihonor de Castilla. Uma aldeia raiana onde a fronteira é apenas factual, na realidade são anos e anos de convívio e de comunidade tão profundos que geraram um dialeto próprio, o rionorês, uma fusão de castelhano com o português.




A genuinidade das suas gentes salta das suas personalidades para a arquitetura que encanta pela simplicidade. As tradicionais casas de xisto, a ponte romana, a Igreja Matriz são marcas invariáveis das aldeias transmontanas.


Puebla de Sanabria
Quem visita a região transmontana costuma ter curiosidade em visitar a pequena localidade espanhola, Puebla de Sanabria. A cerca de 40km de Bragança e a pouco mais de 15km de Rio de Onor localiza-se esta pequena povoação medieval que detém um centro histórico pitoresco e muito agradável de visitar.







Sendo uma localidade pequena, a melhor forma de a conhecer é caminhar pelas suas ruas de empedrado enquanto descobre os seus principais atrativos: o Castelo de Puebla Sanabria, Iglesia de Santa María de Azogue e a Plaza Mayor, por exemplo. A 15 km de Puebla de Sanabria localiza-se o Lago de Sanabria, um lago com uma envolvente natural incrível, considerado um dos maiores lagos glaciares da Europa onde pode fazer praia ou realizar atividades náuticas.


Albufeira de Azibo
A cerca de 30km de Bragança, mas já no concelho de Macedo de Cavaleiros encontra-se a Albufeira do Azibo, o local ideal para superar os dias quentes de verão transmontanos. Se o tempo convir e lhe apetecer um dia de praia isso também é possível no interior do país. Rodeada de uma paisagem maravilhosa, na Albufeira de Azibo encontram-se duas praias fluviais galardoadas que apresentam todas as condições para um dia magnífico: a Praia Fluvial da Fraga da Pegada e Praia Fluvial da Ribeira. Além das excelentes condições das praias fluviais pode ainda realizar um dos muitos percursos pedestres existentes, como o Trilho da Estação de Biodiversidade de Santa Combinha ou então simplesmente desfrutar da paisagem no Miradouro de Santa Combinha.



