O Parque Natural do Douro Internacional (PNDI) abrange a extensa zona fronteiriça onde o rio Douro estabelece por largos quilómetros o limite entre Portugal e Espanha. Para trás ficaram as paisagens dos socalcos repletos de videiras do Douro Vinhateiro, no Douro Internacional a sua beleza está no seu estado selvagem e indomável das escarpas profundas e rochosas que nos privilegiam com paisagens fantásticas para o leito do rio Douro.
Esta região, embora cada vez mais turísticas, continua muito longe da afluência turística do Douro Vinhateiro, o que nos permite desfrutar muito calmamente dos seus fantásticos miradouros que se espalham ao longo de todo o Parque Natural. Localizado no Nordeste Transmontano, a beleza do Douro Internacional não se esgota unicamente na beleza dos seus miradouros, mas também no seu enorme património histórico e cultural que podemos encontrar nas vilas e cidades que constituem o território, como Miranda do Douro, Mogadouro ou Freixo Espada à Cinta.
Douro Internacional | Como organizar a viagem?
Organizar uma viagem ao Douro Internacional não requer uma grande experiência, mas ainda assim existem algumas dicas que podem melhorar a experiência. Para começar as estações do ano que mais recomendamos para visitar a região é na Primavera e no Outono, onde as temperaturas são mais amenas e onde a natureza ganha outro colorido: ora pelas flores da primavera (as amendoeiras ficam lindas), ora pelos tons acastanhados do outono.
Relativamente à duração da viagem, acreditamos que 3 dias são suficientes para conhecer satisfatoriamente a região, mas se quiser realizar um passeio de barco ou alguns trilhos mais demorados considere acrescentar mais uns dias ao roteiro. Acreditamos que para ter uma viagem mais tranquila deve equacionar pernoitar em mais do que um hotel, o Parque Natural do Douro Internacional é enorme e as deslocações são por norma morosas, pelo que achamos benéfico ficar hospedado em mais do que um alojamento.
Douro Internacional | Roteiro 3 dias
O roteiro que apresentamos para 3 dias foi realizado no sentido sul-norte, iniciando por terras do concelho de Figueira de Castelo Rodrigo e terminando em Miranda do Douro. Por sermos de Santarém consideramos benéfico realizá-lo desta forma, mas se for da região norte pode ser mais vantajoso iniciar em sentido contrário.
1º Dia
Miradouro Alto da Sapinha
Iniciámos o nosso roteiro pelo Douro Internacional por terras do concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, mais concretamente entre Escalhão e Barca d’Alva, no Miradouro Alto da Sapinha. Neste miradouro ainda não temos as vistas privilegiadas para o Douro, mas sim para a foz do Rio Águeda e para o Vale do Douro. As suas escarpas estão cobertas de oliveiras e amendoeiras que na Primavera, ao florir, enchem as encostas de uma beleza única.
Coordenadas | 40°59’48.6″N 6°56’13.1″W
Barca d’Alva
Seguimos até à pequena localidade de Barca d’Alva, onde tivemos o nosso primeiro contacto com o rio Douro. É no cais fluvial de Barca d’Alva que partem a maioria dos cruzeiros turísticos que ocorrem no Douro. A história deste povoado é relativamente recente, apenas no século XIX com a construção da Linha Douro que manteve uma importante ligação ferroviária com Espanha e a construção da Estrada Nacional 221 permitiram desenvolver esta localidade.
Dica: Rota dos Túneis
Um dos motivos que atrai mais pessoas a Barca d’Alva, para além dos cruzeiros, é o trilho da Rota dos Túneis, que decorre sobre a linha férrea desativada entre as povoações de Barca d’Alva e La Fregenada, em Espanha. O percurso tem 17km e não tem qualquer inclinação, demora cerca de 8h a ser realizado.
Miradouro do Penedo Durão
A próxima paragem era uma das que guardávamos com mais expetativas por ser um dos miradouros mais afamados do Douro Internacional, o Penedo Durão. Neste miradouro existem dois motivos de interesse: o Douro e as aves. Este miradouro para além de oferecer uma perspetiva incrível sobre as encostas e as escarpas que rodeiam o vale, oferece também a possibilidade de observar as aves que nidificam nos penhascos nas redondezas do miradouro. Para os amantes de birdwatching é o local perfeito, sendo facilmente avistados grifos, cegonhas-negras, abutres-do-egipto e águias-reais. Caso pretenda descansar ou realizar um piquenique o local encontra-se equipado com mesas, cadeiras e locais de sombra.
Coordenadas | 41°02’48.3″N 6°49’07.1″W
Praia Fluvial da Congida
Se o tempo estiver convidativo a banhos não deixe de visitar a fantástica Praia Fluvial da Congida onde as águas, para além de tranquilas, são bem amenas. Pode repousar na relva na sua convidativa zona de sombras, fazer um piquenique no seu parque de merendas e churrasqueira ou então beber uma bebida no seu bem localizado café. Nesta praia está localizado também o cais fluvial onde costumam partir barcos para passeios pelas águas do Douro Internacional.
Freixo de Espada à Cinta
Hora de rumarmos a uma das mais mediáticas vilas do Douro Internacional, e também de Portugal, Freixo de Espada à Cinta. A melhor forma de conhecermos esta pequena, mas agradável, vila é caminharmos nas suas ruas labirínticas de empedrado enquanto tropeçamos em vários apontamentos manuelinos, tanto nas portadas como nas janelas das casas existentes no centro histórico. Os locais de maior destaque é o famoso freixo onde uma cinta prende uma espada, o Castelo de Freixo Espada à Cinta, Igreja Matriz e o Museu da Seda e do Território.
Locais a visitar em Freixo de Espada à Cinta:
- Castelo do Freixo Espada à Cinta
- Torre Heptagonal
- Igreja Matriz de Freixo Espada à Cinta
- Museu da Seda e do Território
- Igreja do Convento de São Filipe Nery
Curiosidade: Qual é a origem do nome Freixo Espada à Cinta?
Nós podíamos contar-lhe, mas a verdade é que ninguém sabe bem. A explicação mais aceite é baseada numa lenda de D. Dinis, que segundo consta, quando fundou a cidade no século XIV, amarrou a sua espada a um freixo antes de descansar dando origem desta forma ao nome da cidade. Outras teorias dizem que se deve ao nome de um fidalgo, de nome “Espadacinta” ou então ao brasão de um antigo fidalgo leonês que era composto por uma espada e um freixo.
Miradouro do Colado
Voltamos à busca pelas melhores paisagens sob o Douro Internacional, desta feita no Miradouro do Colado. O miradouro localiza-se na berma da estrada panorâmica que liga a N221 à aldeia do Mazouco sendo por isso fácil de encontrar. Além da vista para o Douro, a paisagem tem outros elementos que a tornam ainda mais pitoresca, tal com a aldeia do Mazouco e todo o panorama serrano da sua vegetação e ao fundo as imponentes vertentes xistosas que acompanham o rio por toda a região.
Coordenadas | 41°09’08.5″N 6°47’26.7″W
Miradouro do Carrascalinho
O próximo miradouro a ser visitado foi o Miradouro do Carrascalinho que tornou-se rapidamente num dos nossos favoritos. O miradouro fica entre a localidade de Fornos e a Lagoaça e o acesso faz-se por uma ainda longa estrada de terra batida que, com alguma calma, consegue ser percorrida com um veículo ligeiro. Caso não queira arriscar pode sempre deixar o automóvel na aldeia de Fornos e realizar uma breve caminhada na companhia da flora do Parque Natural do Douro Internacional.
Por ser praticamente sobranceiro ao rio Douro, num dos pontos onde as margens são mais estreitas, e de onde se consegue ter uma das melhores perspetivas sobre o vale do Douro, são os motivos que o tornaram um dos nossos favoritos. O miradouro tem uma zona segura com uma vedação de ferro, mas o que o torna um dos mais conhecidos do Instagram é a pedra que se situa imediatamente ao lado uma vez que, tirada do ângulo correto, dá a sensação que estamos sentados em cima de uma altíssima escarpa, estando na realidade a escassos metros do chão.
Dica: Como chegar ao Miradouro do Carrascalinho?
O Miradouro do Carrascalinho fica localizado perto da localidade de Fornos e a melhor forma de o encontrar é dirigir-se até à Padaria D’Tino e seguir por uma viragem à direita para uma estrada de terra batida que encontrará poucos metros depois. Deverá seguir por cerca de 3km nessa estrada, embora de terra batida algo esburacada, mas que com precaução se consegue transitar. No fim da estrada encontrará um pequeno estacionamento bem próximo do miradouro.
Coordenadas | 41°10’07.2″N 6°43’54.5″W
Miradouro da Cruzinha
Já na aldeia da Lagoaça encontramos o Miradouro da Cruzinha onde confessamos que se tornou o miradouro que menos apreciamos. Para chegar até ao miradouro é necessário atravessar o interior da aldeia da Lagoaça e, ao chegar ao fim de uma estrada asfaltada, espera-nos um pequeno retiro xistoso onde encontramos a dita cruz que dá nome ao miradouro. A vista por estar coberta de árvores e por conseguirmos apenas avistar um breve trecho do Douro afasta este miradouro do lote dos nossos favoritos.
Coordenadas | 41°11’27.8″N 6°42’50.3″W
Não contentes decidimos visitar o Cais Fluvial da Lagoaça, para isso tivemos de descer uma estreita e ingreme estrada em direção ao Douro. A verdade é que embora o caminho seja um pouco acidentado o cais é um verdadeiro oásis de tranquilidade e beleza. No momento em que o visitamos tivemos a oportunidade de estar sozinhos o que nos deixou desfrutar da paisagem desta feita ao nível da água.
Mogadouro
O nosso primeiro dia termina na vila do Mogadouro onde despontam importantes elementos da nossa história e do nosso património. Existem vestígios arqueológicos que remontam ao Neolítico, mas são os elementos deixados pela Ordem dos Templários no século XII os principais motivos que nos trouxeram até esta vila. É o caso do Castelo do Mogadouro que juntamente com o Castelo de Penas Róias (visitamos no segundo dia) desempenharam um papel importante na defesa das invasões castelhanas.
Para além do castelo existe ainda um vasto património religioso como a Igreja Matriz do Mogadouro, Igreja da Misericórdia e o Pelourinho, todos eles localizados bem perto do Castelo do Mogadouro. No centro da vila encontra-se ainda a Igreja e Convento de São Francisco onde se encontra também localizada a sede da Câmara Municipal.
Locais a visitar no centro histórico do Mogadouro:
- Castelo do Mogadouro
- Torre do Relógio
- Igreja Matriz do Mogadouro
- Igreja da Misericórdia
- Pelourinho
- Convento de São Francisco
- Baloiço no Santuário de São Cristóvão
2º Dia
Santuário de São Cristóvão
Iniciámos o nosso segundo pelas proximidades do alojamento onde pernoitamos, pelo alto da Serra da Figueira, onde se encontra o Santuário de São Cristóvão. Para além do pequeno templo religioso, destaca-se principalmente a vista deslumbrante para o planalto mirandês e, sobretudo, para Mogadouro. No miradouro tem ainda o privilégio de poder baloiçar enquanto aprecia a deslumbrante paisagem.
Castelo de Peras Róias
Seguimos até ao Castelo de Peras Róias que se encontra maioritariamente em ruínas mantendo-se unicamente de pé a sua Torre de Menagem. A fundação do castelo é anterior à nossa nacionalidade, mas em 1145 em pleno reinado de D. Afonso Henriques foi doado aos templários. Durante vários anos foi uma importante fortaleza medieval que defendeu a zona raiana dos ataques tanto dos povos islâmicos, numa fase inicial, como dos ataques castelhanos.
Castelo do Algoso
Saímos ligeiramente da rota pelo Douro Internacional para conhecermos um dos locais mais fotogénicos do Nordeste transmontano, o Castelo do Algoso. Localizado no concelho do Vimioso, este castelo foi construído sob ordem de D. Afonso Henriques e tornou-se uma das mais importantes fortalezas medievais tendo desempenhado um papel determinante nas guerras com o Reino de Leão.
No momento da nossa visita o castelo encontrava-se fechado pelo que não conseguimos admirar o seu interior e a vista deslumbrante que se deve ter no cimo da sua torre de menagem. Ainda assim, à porta do castelo, já conseguimos admirar a vista incrível sobre o planalto transmontano e para as serras de Trás-os-Montes.
Miradouro de Picões
Seguimos até à localidade de Peredo da Bemposta em busca do Miradouro de Picões. Depois da chegada à localidade, o caminho faz-se por estradas rurais onde as vinhas nos acompanham até chegar ao miradouro. No alto dos seus 600 metros de altitude, numa arriba vertiginosa, observamos o Douro a correr calmamente, a seu ritmo, rodeado de uma paisagem maravilhosa. Não sabemos se pela localização, ou por sorte nossa, tivemos sempre sozinhos pelo que conseguimos aproveitar na perfeição esta linda paisagem.
Dica: Como chegar ao Miradouro de Picões?
O Miradouro de Picões fica localizado nas proximidades da localidade de Peredo da Bemposta, deverá seguir até ao final da Rua da Trapa onde encontrará de frente uma estrada estreita de terra batida que deverá seguir por cerca de 2km. Parte dessa estrada é bastante estreita pelo que pode encontrar alguma dificuldade em transitar de automóvel, principalmente se vier algum carro de frente. Se não quiser arriscar, pode deixar o veículo na Rua da Trapa e realizar o percurso pé, caminhadas na natureza são sempre um bom programa.
Coordenadas | 41°15’20.9″N 6°33’10.5″W
Bemposta
A aldeia da Bemposta é a maior e mais distante aldeia do concelho do Mogadouro e nós decidimos conhecê-la através de uma caminhada pelas suas simpáticas ruas. Ruelas de empedrado que apadrinham casarios centenários característicos da região transmontana, onde por ali moram gente genuína. No seu passeio visite o Pelourinho da Bemposta, Igreja de São Pedro, a Capela de Santa Bárbara e imediatamente ao lado o Miradouro de Santa Bárbara.
Dica: Cascata da Faia da Água Alta
Relativamente perto da Bemposta, mais concretamente na povoação de Lamoso, inicia-se um trilho até à Cascata da Faia da Água Alta com uma distância de 2km (4km ida e volta). Na nossa visita não fizemos porque a cascata no verão e outono costuma estar seca ou ter um caudal muito reduzido. Contudo se visitar a região sobretudo na Primavera não deixe de dar um pulinho e descobrir esta cascata.
Miradouro da Cerca
A nossa próxima paragem foi na localidade de Urrós para visitarmos o Miradouro da Cerca, um miradouro difícil de encontrar, mas que se tornou o nosso favorito. O acesso é feito por uma longa estrada de terra batida que é circulável de automóvel até certo ponto e depois o resto do percurso terá de ser realizado a pé.
Por ser um miradouro “selvagem” não tem qualquer barreira de segurança sendo por isso também o miradouro mais perigoso que visitámos e que não aconselhamos a ser visitado por crianças. Perigos à parte, a vista é das melhores que encontramos, no alto de uma escarpa vertiginosa observamos o Douro a serpentear entre os penedos enquanto o sol o ilumina. Um sítio realmente incrível!
Dica: Como chegar ao Miradouro da Cerca?
A melhor forma de chegar ao Miradouro da Cerca é dirigir-se até à aldeia de Urrós, mais concretamente à Capela de Santa Cruz. Depois deverá seguir em frente por alguns metros por uma estrada asfaltada e, no fim dessa rua, irá encontrar uma viragem à esquerda para uma estrada de terra batida que deverá seguir por alguns quilómetros. A estrada é perfeitamente transitável por uma viatura ligeira, no final encontrará um espaço onde poderá deixar o carro. Depois deverá seguir o percurso pedestre PR3 MGD por alguns metros ou seguir o trilho mais pisado e encontrará o miradouro.
Coordenadas | 41º 19’44.868″ N 6º25′ 39.194″ W
Sendim
A nossa última paragem foi em Sendim “Capital das Arribas”, já no concelho de Miranda de Douro, onde a autenticidade do seu povo está presente até na sua língua. Sendim é parte integrante da área onde se fala mirandês, em especial na variedade de sendinês. A melhor forma de conhecer o seu património e as pessoas que por ali residem é realizar uma caminhada pelas suas ruas enquanto descobre os seus locais mais incógnitos como a Igreja Matriz, a Capela do Senhor da Boa Morte, Capela S. Sebastião e a Fonte do Lugar. Nas margens do Douro localiza-se o Cais Fluvial de Sendim onde, para além da utilidade para a pesca, é usado também para ir a banhos nas águas amenas do rio.
3º Dia
Miradouro da Fraga do Puio
A nossa primeira paragem no terceiro dia foi um dos miradouros mais conhecidos do Douro Internacional e, possivelmente, um dos principais motivadores da nossa visita à região. Por encontrarmos várias vezes fotos deste miradouro nas nossas redes sociais, tínhamos imensa curiosidade em conhecer este lugar.
Localizado na aldeia do Picote, o Miradouro da Fraga do Puio, também conhecido como Miradouro do Picote, é possivelmente um dos mais bem conservados e seguros de todos os que visitámos. No local foi construída uma plataforma envidraçada inovadora e distinta de onde podemos observar a singularidade do canhão do Douro Internacional. Exatamente no local onde o miradouro está instalado o troço do rio faz uma curva sinuosa que torna a paisagem ainda mais única.
Coordenadas | 41°23’50.8″N 6°22’02.7″W
Miradouro da Freixiosa
A pouco mais de 1km da aldeia da Freixiosa localiza-se o Miradouro da Freixiosa onde o acesso se faz por uma estrada de terra de batida onde é possível ir de carro até encontrar um desnível acentuado. A partir daí é aconselhável seguir a pé, o percurso durará cerca de 5 minutos.
O miradouro é “selvagem”, o único gradeamento existente é um corrimão nas escadas que dão acesso ao alto da rocha granítica. Mas com os devidos cuidados poderá apreciar uma das melhores vistas sobre as arribas do Douro. O Douro a encher de vida as escarpas graníticas que servem de moradia à avifauna que abunda nas redondezas são das melhores paisagens que conseguimos encontrar nesta nossa viagem.
Coordenadas | 41°25’28.4″N 6°18’28.0″W
Miranda do Douro
Um dos pontos altos da viagem ao Parque Nacional do Douro Internacional é a visita a Miranda do Douro, uma das cidades mais distintas e carismáticas de Portugal. E não o dizemos à toa, Mirando do Douro tem diversas peculiaridades que a tornam única, desde logo por ser a cidade-mãe do “mirandês” segunda língua oficial de Portugal, seguindo-se pelas suas tradições seculares que são uma afirmação da sua identidade como os Pauliteiros de Miranda e terminando no seu vasto património histórico e religioso.
Visitar o Centro Histórico de Miranda do Douro é uma experiência para demorar um belo par de horas face ao número de locais de interesse que a cidade dispõe. Aconselhamos começar pelo Castelo de Mirando do Douro, onde restam apenas ruínas, existindo ainda a maior parte da Torre de Menagem e depois seguir pela Rua Mouzinho de Albuquerque até à Praça D. João III onde, ao centro, encontra-se a estátua representativa do casal mirandês. Na praça localiza-se ainda o Museu da Terra de Miranda dedicado à população mirandesa.
De seguida paramos para conhecer a Igreja da Misericórdia e depois dirigimo-nos até ao Largo da Sé para apreciarmos a majestosa Sé Catedral Miranda do Douro que impressiona com as suas duas imponentes torres. O interior é requintado e a sua peça mais icónica é o Menino de Jesus da Cartolina. Imediatamente atrás da catedral encontra-se as Ruínas do Paço Episcopal onde residam antigamente os bispos da cidade.
Ainda no centro da cidade conheça as Muralha Pré-Românicas, que ainda apresentam bom estado de conservação, passe na Rua de la Costanielha que, segundo consta, é a mais antiga da cidade e, à vinda, deslumbre-se com o Parque Urbano do Rio Fresno.
Miradouro do Castrilhouço
Hora de voltar à saga da procura das melhores vistas do Douro Internacional e foi no Miradouro do Castrilhouço que encontramos uma vista verdadeiramente sublime. Depois de uns belos metros numa estrada de terra batida estacionamos no parque de estacionamento nas imediações do Castro de Vale de Águia (idade do ferro). Depois de uns minutos de procura por entre os trilhos, somos presenteados com uma paisagem incrível numa zona onde as arribas descrevem um formato de cotovelo. A vista é incrível, onde o Douro segue calmamente por entre os penedos, mas apelamos a um certo cuidado porque o miradouro é “selvagem” e não tem qualquer gradeamento que nos separe do precipício.
Dica: Como chegar ao Miradouro do Castrilhouço?
O acesso ao Miradouro do Castrilhouço pode ser feito tanto pelo lado do Vale da Águia como pelo Bairro da Terronha, em ambos irá encontrar uma estrada de terra batida que deverá seguir até ao Castro do Castrilhouço. A estrada tem alguns buracos, mas com velocidade moderada e com algum cuidado consegue-se transitar com um veículo ligeiro. Perto do Castro do Castrilhouço encontrará um estacionamento espaçoso onde pode deixar o carro. Encontrar o miradouro foi para nós um desafio, a única forma de o encontrar é caminhar pelos trilhos mais batidos e acredite que a escassos metros e uns minutos depois de certeza que o irá encontrar.
Coordenadas | 41°30’58.2″N 6°15’36.3″W
Miradouro de São João das Arribas
Continuamos afortunados na presença das melhores paisagens que a região tem para oferecer. O Miradouro de São João das Arribas é um dos mais conhecidos do Douro Internacional e a sua fama não é ao acaso. O acesso faz-se por uma estrada de terra batida, mas em boas condições e nas proximidades do miradouro tem um parque onde pode deixar o automóvel.
O miradouro é um promontório seguido de um enorme desfiladeiro, mas não se assuste, na pedra existente não falta espaço para se poder sentar, relaxar e apreciar a imensidão das arribas que acompanham o Douro na sua jornada.
Coordenadas | 41°32’24.2″N 6°13’22.3″W
Miradouro da Penha das Torres
Terminamos o nosso roteiro no ponto mais oriental de Portugal, local onde se avistam os primeiros raios de luz do nosso território, falamos do Miradouro da Penha das Torres. Deste miradouro conseguimos ver o local exato em que o Douro entra no território português e também conseguimos observar a barragem espanhola do Salto de Castro. A paisagem é fabulosa, num local pacato onde a natureza é a única responsável pelo espetáculo que nos oferece.
Como ir até ao Miradouro da Penha das Torres?
A melhor forma de ir até ao miradouro é seguir até à aldeia da Paradela, em particular até à Rua dos Castelões, onde encontrará placas indicativas do miradouro. Depois deverá seguir por uma estrada de terra batida, que se encontra em boas condições, e no fim de alguns quilómetros encontrará o miradouro.
Tenha em atenção às indicações do Google Maps para este miradouro, o nosso indicava que o miradouro ficava em Espanha.
Coordenadas | 41°34’32.4″N 6°11’32.8″W
Douro Internacional | Onde dormir?
Para visitar o Douro Internacional sem correrias, realizar algumas atividades e apreciar as vistas dos seus miradouros, demora pelo menos três dias, o que significa pelo menos 2 noites. Embora acreditemos que o ideal sejam mesmo mais alguns dias, especialmente se desejar realizar um trilho mais longo ou um passeio de barco nas águas do Douro. De qualquer forma, devido à enorme área e distância entre locais, aconselhamos a selecionar mais do que um hotel por noite para evitar as morosas viagens de regresso ao fim do dia.
Os locais que acreditamos serem as melhores opções são os locais mais urbanos e com um maior número de serviços: Freixo de Espada à Cinta, Mogadouro e Miranda do Douro. Contudo, em termos de distância pode ser até proveitoso pernoitar em Sendim, Bemposta ou Picote e existem por lá bons alojamentos locais. O único senão é a oferta diminuta de restaurantes e de outros estabelecimentos comercias.
As nossas opções foram as seguintes:
1º Noite: Casa das Águas Férreas (Mogadouro)
A escassos quilómetros do Mogadouro localiza-se a Casa das Águas Férreas, uma propriedade rural, intimista e rodeada de bastante sossego. À chegada fomos muito bem recebidos pela proprietária, D. Elisa, que nos deu a conhecer o espaço e que por cortesia nos presenteou com a suite, uma vez que se encontrava livre no momento. A decoração é tradicional, mas o conforto do quarto é inegável, coisa que vale imenso após dias cansativos de caminhadas pelas arribas do Douro. O melhor de tudo é o pequeno-almoço, onde a maioria dos produtos são regionais e caseiros, feitos pela mão da proprietária e que de facto são uma verdadeira delícia.
2ª Noite: Hotel Cabeço do Forte (Miranda do Douro)
No alto de Miranda do Douro localiza-se o Hotel Cabeço do Forte que tem como grande característica as vistas privilegiadas para a cidade. Os quartos têm uma decoração tradicional, está equipado com ar condicionado e as camas são confortáveis. No exterior existe ainda um terraço com piscina, ideal para os dias mais quentes, nas imediações consegue também apreciar da vista para a cidade. O pequeno-almoço é variado e de boa qualidade e servido sempre com muita simpatia por parte dos anfitriões. Para a qualidade e diversidade apresentada consideramos que este hotel tem uma excelente relação qualidade/preço.
Douro Internacional | Onde comer?
Restaurante A Lareira (Mogadouro)
Se procura um restaurante para provar a famosa posta mirandesa está no local certo! O restaurante “A Lareira” está localizado no centro do Mogadouro e tem a particularidade de possuir, conforme o nome indica, uma lareira na sala de refeições onde os bifes são grelhados à vista de todos os clientes. O sabor e a suculência da carne são inegáveis e os bifes são servidos com batata rosti. Um restaurante carismático, simples, mas de onde certamente não sairá de barriga vazia.
Restaurante O Mirandês (Miranda do Douro)
Em Miranda do Douro não há quem não conheça o Restaurante “O Mirandês” sempre bastante frequentado, de tal modo que não aceita reserva. Por isso senão quiser esperar na fila terá de ir perto do horário de abertura. No cardápio as opções são diversas, desde as entradas às sobremesas, existem opções para todos os gostos. Contudo nesta região a vitela é rainha e foi nesse pensamento que recaíram as nossas opções, tanto por uma Costeleta de Vitela como pela Posta à “Mirandês” que estavam divinais e com excelente acompanhamento. O serviço é cordial, o preço é justo e a comida é de comer e chorar por mais!