A Serra da Lousã é um verdadeiro paraíso natural perdido no interior de Portugal. Um local de histórias, de boa gastronomia e, sobretudo, de paisagens naturais de cortar a respiração. A região não é enorme, mas os locais de interesse são tantos que decidimos dedicar três dias para a explorar.
Neste artigo vamos partilhar o nosso roteiro e dicas dos locais que não devem mesmo perder numa visita à Serra da Lousã.
A Lousã, cidade que dá nome à serra, está localizada a meros 28km de Coimbra e encontra-se rodeada por imponentes montanhas onde pontilham algumas das mais charmosas aldeias de xisto. A Serra da Lousã, juntamente com a Serra do Açor e Serra da Estrela formam a Cordilheira Central, principal alinhamento montanhoso de Portugal.
Cada vez mais apaixonados pelo turismo de natureza fomos em busca de uma região que esconde alguns dos mais belos tesouros do nosso país. As paisagens verdejantes a perder de vista, o som da água das cascatas e o pleno contacto com a natureza, eram os motivos desejados para um fim-de-semana relaxante.
O que visitar?
Os motivos para explorar a Serra da Lousã são mais do que muitos! Se ainda não os conhecem, ou não ficaram plenamente convencidos da beleza incontornável da região, vamos apresentar-vos algumas dicas dos locais a visitar, que certamente não vos irão deixar ficar indiferentes.
….—- Aldeias de Xisto
Ficámos aficionados pelo projeto Aldeias de Xisto, os seus casarios e as estreitas ruelas recheadas de simbolismo é um retrato viável da história do interior do nosso país. Atualmente com poucos habitantes, algumas delas já inabitadas, as aldeias são procuradas por turistas que, tal como nós, procuram um refúgio do dia-a-dia agitado.
Ao longo do nosso país estão referenciadas 27 aldeias de xisto, 12 delas estão localizadas na Serra da Lousã. São as seguintes: Aigra Nova, Aigra Velha, Candal, Casal Novo, Casal de São Simão, Cerdeira, Chiqueiro, Comareira, Ferraria de São João, Gondramaz, Pena e Talasnal.
Das 12 aldeias de xisto existentes na região ainda não tivemos oportunidade de conhecer a Ferraria de São João. A aldeia de Casal de São Simão visitámos no percurso de ida para a Serra do Açor e contamos tudo sobre ela neste artigo.
As restantes 10 aldeias conseguimos incluir no roteiro de três dias pela região e ficamos deslumbrados com as características de cada uma.

Iniciámos o nosso roteiro pelas aldeias de xisto em Gondramaz, uma aldeia no concelho de Miranda do Corvo. Embora pouco movimentada foi uma das mais bonitas que visitámos, pela tranquilidade e pela simbiose perfeita com a natureza, ficamos encantados com a forma que iniciámos estas mini-férias. No primeiro dia de viagem conseguimos ainda visitar a aldeia do Chiqueiro, que foi uma das que menos apreciamos, pelo facto de estar completamente vazia e com algumas casas em ruína.





No segundo dia visitamos a aldeia do Talasnal, que é sem dúvida a aldeia mais completa e mais impactante de toda a região. À partida era a que aguardávamos com maior ansiedade e não desiludiu, o Talasnal é muito mais movimentado do que as restantes aldeias, pelo que se nota na oferta turística de alojamento, cafés e restauração que dá um ânimo diferente à pacata aldeia. Não muito distante, encontra-se a aldeia do Casal Novo que desafiou a nossa resistência, obrigando-nos a subir e descer inúmeras escadas. Uma aldeia carismática, com uma vista arrebatadora para serra e com as suas casas muito bem recuperadas.




O terceiro dia foi dedicado integralmente à descoberta das restantes aldeias de xisto. Iniciámos o nosso dia pela aldeia da Cerdeira, que foi recuperada no âmbito de um projeto artístico e criativo. Muito certinha e escrupulosamente recuperada, esta aldeia foi das mais bonitas que visitámos, embora não tivéssemos encontrado os modos genuínos e serranos que encontramos nas restantes. Ainda de manhã visitámos a aldeia do Candal, uma íngrime e preservada aldeia onde ainda habitam várias pessoas. De realçar um fantástico miradouro existente no topo da aldeia que nos permite contemplar toda a tranquilidade envolvente.




Indecisos com os planos para a tarde de domingo, decidimos explorar as aldeias de xisto do concelho de Góis. Iniciamos pela pequena aldeia da Comareira que, fora o som das galinhas, não avistamos qualquer sinal de vida. Encantados com a quietude da serra permanecemos mais um pouco para realizar uma pequena refeição enquanto nos encantávamos com a excelência da paisagem. De seguida dirigimo-nos às aldeias de Aigra Nova e Aigra Velha onde ainda encontramos vários residentes a realizar as suas tarefas diárias. Por último visitamos a aldeia da Pena que, para a visitar, foi necessário descer uma íngreme estrada em mau estado de conservação. Risco à parte, a aldeia encontra-se num vale rodeada de uma refrescante vegetação que lhe oferece um ar místico e natural.





….—- Castelo da Lousã
Percorrendo a serra, por caminhos sinuosos e estreitos, somos presenteados com um castelo que se impõe em redor de uma densa vegetação. O acesso faz-se pela estrada M580 e já perto de alcançar o castelo, após uma curva apertada, somos brindados com uma vista arrebatadora. Não resistimos e colocamos imediatamente o pé no travão para contemplar aquele fantástico lugar.
Após ficarmos pasmados com o enquadramento perfeito entre a natureza e o castelo, a desilusão chegou quando finalmente o alcançamos. Devido a obras de manutenção foi-nos proibido o acesso ao seu interior, pelo que a sua visita não fora tão surpreendente quanto o desejado. Mas a boa notícia é que as obras já terminaram e por isso pode visitar o castelo sem quaisquer problemas!


….—- Praia Fluvial da Senhora da Piedade
A poucos metros do Castelo da Lousã, após uma íngrime descida, está localizada a Praia Fluvial da Senhora da Piedade. Uma praia fluvial com uma envolvência inesquecível, entre a excelência da beleza natural e os belos arranjos em xisto. Dotada de excelentes infraestruturas de apoio, esta praia é o local ideal para um dia em cheio com família e amigos.
Através do projeto Isto é Lousã, implementaram um baloiço suspenso numa árvore onde o pano de fundo é uma bela cascata da ribeira de São João. Um dos pontos altos da região, este baloiço é um chamariz para quem procura a foto perfeita. Embora as águas sejam extramente refrescantes, não deixamos passar a oportunidade e subimos até ao baloiço. É realmente um cenário de conto de fadas!


….—- Baloiço de Trevim
O projeto “Isto é Lousã” instalou ao longo da serra diversas peças artísticas em madeira que oferece à região um toque especial e criativo. O mais conhecido de todas as criações é o Baloiço de Trevim localizado no Alto de Trevim a 1200m de altitude. Com uma vista sublime sobre o vale, podemos baloiçar sobre o vazio e sentir a brisa fresca da serra.
O Baloiço de Trevim tem feito furor nas redes sociais e é atualmente procurado por todos os turistas que visitam a região. Para conseguir uma volta no baloiço é necessário aguardar por uns minutos na fila, tal é a procura. A espera compensa, e andar de baloiço neste magnifico local faz-nos recordar os tempos de infância e, por minutos, sentimo-nos livres e alegres como duas crianças felizes.


….—- Garganta Cabril do Ceira
A Garganta Cabril do Ceira, localizada perto de Serpins, é um tesouro escondido de difícil acesso que, devido à sua fraca divulgação, é um local muito pouco frequentado. Sem esplanadas, nadadores salvadores nem qualquer espécie de artificialismo, este local encontra-se no estado mais puro, repleto de árvores e de cristalinas águas correntes. Ficou conhecido como Garganta do Cabril do Ceira devido ao efeito do estreitamento que o canhão rochoso provoca no rio, criando um pequeno lago natural.
Coordenadas: 40º10’34.46″N 8º10’27.84″W
Como chegar: Seguir em direção a Serpins, concelho Lousã, apanhar a N242-3 até à interceção com a Estrada Municipal 1226. Aqui vai aparecer um sinal a indicar “Cabril”, depois de cerca de 2km em estrada de terra batida chegam ao Cabril do Ceira.


….—- Cascata Pedra da Ferida
A nossa primeira paragem, foi no concelho de Penela para visitar a Cascata da Pedra Ferida. Após alguma dificuldade em encontrar o caminho certo, lá encontramos uma longa e acentuada estrada de brita que permite aceder de carro até ao parque de merendas. A partir daí começa toda uma aventura pelos trilhos húmidos e escorregadios em busca da tão afamada cascata. Um percurso pedestre refrescante, com muitas peripécias pelo caminho em que o único som audível é o som da natureza. O ponto final do percurso é uma belíssima cascata de 25 metros de altura com a sua água límpida e muito fria que não convidou a mergulhos, numa manhã fria de outubro. O passeio indicado para quem, tal como nós, adora a Natureza no seu estado mais puro!

….—- Praia Fluvial da Bogueira
A Praia Fluvial da Bogueira está localizada em Casal do Ermio e fica a poucos metros do local onde ficamos hospedados. Uma praia galardoada com a Bandeira Azul e atribuída a Medalha Qualidade de Ouro, embora nos deparássemos com as suas águas com tonalidades negras, devido às cinzas dos incêndios, não torna o local muito convidativo a banhos. Não fomos a banhos, mas ficamos deslumbrados com a envolvência do local, onde aproveitamos para descansar e admirar toda a paisagem no bar/esplanada da praia.

Serra da Lousã | Onde comer?
Na Serra da Lousã certamente não irá passar fome! A gastronomia é um dos pontos altos da região, de tal forma que todo o nosso roteiro foi desenhado em função da disponibilidade dos principais restaurantes. Através do conselho dos nossos amigos Let’s Run Away marcamos os restaurantes pretendidos com alguma antecedência e foi a nossa salvação. Sem marcação prévia é quase impossível ter lugar nos restaurantes mais carismáticos.
….—- O Burgo
O Burgo está localizado na Praia Fluvial Senhora da Piedade e dispõe de uma vista fantástica sobre a praia. Com uma cozinha familiar e genuinamente beirã, fomos presenteados à partida com os enchidos da serra (farinheira, morcela e chouriço), cogumelos, queijo de cabra, pataniscas de bacalhau e favas com chouriço. No seu cardápio existe um lote de propostas que torna difícil ao cliente optar: Cozido do Talasnal, cabrito assado no forno, coelho com molho à bruxa, veado com tortulhos, o javali com castanhas e dispõe de uma opção Rapsódia onde é possível provar um pouco de todas estas iguarias regionais.
Preço médio/2px: 50€
Localização: N.ª Sra. da Piedade, Lousã
Contactos: 239 991 162


…—- Restaurante Ti Lena
O restaurante Ti lena está localizado na aldeia do Talasnal e presenteia-nos com uma decoração típica, em formato de taberna, em uma casa de xisto elegantemente recuperada. A marcação foi realizada por telefone e foi preciso uma ginástica para conciliarmos a disponibilidade do restaurante com o nosso roteiro pré-estipulado. Logo nesse momento ficam definidos os pratos que serão servidos num leque de três opções: Cabrito com batatas e castanhas assadas no forno, chanfana e bacalhau à lagareiro. As sobremesas são outro fator de destaque com uma mousse de morangos caseira com suspiros simplesmente deliciosa e a baba de camelo, de comer e chorar por mais.
Preço médio/2px: 45€
Localização: Talasnal, 3200-120 Lousã
Contactos: 911 932 948


Serra da Lousã | Onde dormir?
À partida quando começamos a delinear esta visita tínhamos planeado ficar alojados na aldeia do Talasnal no “Talasnal, montanhas de amor”, por ser a aldeia de xisto mais mediática e pela proximidade com os restantes locais a visitar. No momento da reserva já se encontrava completamente lotado, pelo que optámos por uma opção mais afastada, mas que se veio a revelar uma excelente decisão.
Ficamos hospedados na Casa da Eira em Casal do Ermio, junto à Praia Fluvial da Bogueira. Uma casa secular magistralmente recuperada recheada de uma decoração rústica alegórica ao universo rural de outros tempos. Com muita simplicidade e simpatia dos anfitriões, fomos recebidos com tamanha hospitalidade que nos fizeram sentir realmente em casa.

Outra opção a considerar, para quem prefira ficar alojado no centro da Lousã, é o famoso Palácio da Lousã Boutique Hotel, um hotel de 4 estrelas distinguido como Património Mundial.
Esperamos que as nossas dicas vos tenham sido úteis! Acrescentariam mais algum local? Deixem a vossa opinião nos comentários ?

4 comentários
E partindo da aldeia do Candal, vamos encontrar uma cascata linda, maravilhosa. É difícil de chegar mas vale o esforço
Na altura não tivemos tempo para lá ir, mas queremos voltar este ano à Serra da Lousã com mais tempo ? Obrigada pela sugestão!
Gostei muito do roteiro, tenho mesmo que voltar à Lousã, e fazer o resto do percurso. Quando voltarem sugiro que vão mesmo às cascatas do candal e façam um pouco do percurso rio abaixo é lindo. E aproveitem e passem nos passadiços de quelhas.
Olá Tatiana! Também queremos voltar a essa região e visitar todos os locais que nos faltam, obrigada pelas sugestões ?
Boas viagens e tudo a correr bem ?