Há muito tempo que desejávamos dar um pulo à Serra do Açor para conhecermos as suas belas Aldeias de Xisto e esse dia finalmente chegou. Conhecida pela sua bela vegetação, muitas cascatas e algumas praias fluviais, esta região é o paraíso para os amantes do turismo ambiental.
No Verão de 2017 praticamente a totalidade da Serra foi afetada pela devastadora onda de incêndios que deflagrou um pouco por todo o país, deixando as suas longas florestas dizimadas. A Natureza tem-se encarregado de fazer renascer um dos cenários mais deslumbrantes do nosso país e já existem claros sinais de reflorestação que nos deixaram encantados.
À partida, Piódão era o local que mais expetativas nos criava, bem como as belíssimas cascatas da Fraga da Pena – vamos descobri-las!
A viagem
Pelas 8 horas da manhã partimos de Alpiarça em direção à A13, sabendo à partida o valor exorbitante das scuts, mas na verdade esta autoestrada é a forma mais cómoda e rápida de nos dirigirmos às proximidades da Serra do Açor. Antes da chegada aos destinos que daríamos maior destaque nesta nossa curta viagem, desviámos ligeiramente a rota para conhecer a aldeia Casal de S. Simão. Já passavam das 9 horas, mas a aldeia permanecia deserta, aproveitámos a pacatez para apreciar as renovadas casas de xisto. De tão deserta e tranquila e com uma boa dose de neblina matinal, o ambiente era quase digno de uma obra hitchcookiana.
Ansiosos por chegar rapidamente à aldeia de Piódão, colocámo-nos outra vez em marcha pelas longas e sinuosas estradas que circundam a Serra do Açor. A meteorologia não era a ideal, a manhã encontrava-se cinzenta e fria, mas ainda assim decidimos realizar uma paragem na aldeia de Fajão. Entre subidas e descidas por estradas com uma magnífica vista sobre a Serra, lá alcançámos a tão desejada “aldeia presépio”.
Serra do Açor | O que visitar?
A Serra do Açor é um paraíso natural onde emergem pequenas aldeias típicas recheadas de histórias e de património cultural que nos fazem conhecer um pouco mais da história do interior de Portugal. Vamos apresentar-vos algumas dicas dos locais a visitar para que a sua experiência seja no mínimo tão enriquecedora como a nossa.
Piódão
No alto das montanhas somos presenteados com uma vista digna de um postal. Num local inóspito nasceu Piódão, uma aldeia elegantemente construída sobre socalcos que nos deixa boquiabertos com toda a sua beleza. Após estacionarmos o carro na praça principal da vila, deparamo-nos de frente com a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, a construção que pelos seus tons branco e azul se destaca das restantes construções em tons de xisto. Encantados com o contacto inicial e com a áurea tranquila que se respira, estávamos ansiosos por nos perder nas suas ruas labirínticas. As suas casas simpáticas, simplicidade e hospitalidade das suas gentes, faz sentir em casa todos os visitantes. Piódão perdurará na nossa memória pelo seu encanto e a sua perfeita simbiose entre o natural e as belas construções de xisto.
Foz D’Égua
No início da tarde, depois do aconchegante almoço na Casa dos Pachecos, deslocámo-nos até Foz d’Égua, uma pequena maravilha a meros quilómetros de Piódão. A confluência das ribeiras de Chãs d’Égua e de Piódão originou duas encantadoras pontes de pedra que proporcionam uma imagem difícil de tirar da nossa memória. A verdejante encosta com as suas tradicionais casas de xisto sobre socalcos e no cume um pequeno santuário com uma vista perfeita sobre a serra, complementa toda a espetacularidade do local. De destacar a ponte que faz lembrar o carismático Indiana Jones, uma ponte suspensa entre duas montanhas que, para tristeza nossa, estava interdita para manutenção. Se tiverem pela zona não hesitem em visitar este pequeno pedaço de tranquilidade.
Aldeia das Dez
A Aldeia das Dez, conhecida também como a “Aldeia Miradouro” por estar localizada a 500m de altitude, é o local ideal para contemplar a paisagem natural da serra e deixar-se encantar pela resposta magnifica que a natureza tem dado às atrocidades do verão de 2017. A Aldeia das Dez é uma das muitas aldeias xisto que compõem a Serra do Açor e foi o local que escolhemos para pernoitar na nossa visita. Além do miradouro com uma vista soberba destaca-se ainda o marco do correio e a cabine telefónica vermelha, bem ao estilo britânico, que se destacam das cores acinzentadas das moradias da aldeia.
Poço da Broca
Já a manhã ia longa quando iniciámos o nosso percurso de domingo em que, por conselho do Sr. Manuel, iríamos em direção ao Poço da Broca. Pelas sempre bonitas estradas da região encontrámos um bonito local chamado Açude do Parente, onde aproveitámos para tirar algumas fotografias. A insistência do proprietário em que conhecêssemos Poço da Broca não era à toa. O local é de uma beleza natural indescritível, com cascatas sublimes contextualizadas num ambiente tranquilo e verdejante que criam em nós uma vontade de permanecer por ali para sempre.
Fraga da Pena
A tarde seria destinada a um dos locais mais emblemáticos da região, Fraga da Pena pela sua beleza merece todo o destaque. Inserida na Mata da Margaraça a poucos quilómetros de Pardieiros, a Fraga da Pena vale de facto uma visita. O som ensurdecedor da enorme cascata e toda a sua envolvência natural faz-nos acreditar que a mãe natureza tem muito bom gosto. De pedra em pedra como duas crianças felizes, fomos descobrindo o local que para ser perfeito apenas faltou a ajuda de S. Pedro para nos banharmos nas suas águas.
Como chegar? Se vier de Lisboa ou do Porto pela A1 deverá sair em Coimbra Norte onde entrará de seguida no IC3 em direção a Viseu. No IC3 deverá sair em Arganil e seguir as indicações até à vila de Coja. Na ponte de Coja deverá virar à esquerda no sentido Benfeita/Piodão. Desse local distam 10km e pelo caminho irá encontrar as indicações que lhe permitem chegar ao local facilmente.
Serra do Açor | Onde dormir?
Casa do Secolinho
No final da tarde, depois da habitual viagem conturbada pelas imensas curvas da Serra do Açor, chegámos à aldeia onde decidimos pernoitar. Uma das muitas aldeias de xisto da região pertencente à Rota do Xisto, a Aldeia das Dez é uma localidade acolhedora, onde o xisto e os casarios brancos saltam à vista. Ficámos hospedados na Casa do Secolinho, um alojamento local acolhedor onde fomos muito bem-recebidos pelo proprietário. De destacar a sua hospitalidade e prontidão aquando da nossa súbita mudança de planos que incluía tomar o pequeno almoço no alojamento. De pronto se demonstrou recetivo e presenteou-nos com um pequeno almoço completo com produtos de qualidade e muito variado. Houve tempo ainda para nos fornecer algumas dicas de trajetos e de locais a visitar que se vieram a tornar bastante úteis. Caso pretendam visitar a região aconselhamos vivamente a pernoitar na Casa do Secolinho, não se vão arrepender.
Inatel Piódão
Localizado a meros 300m da aldeia de Piódão, o hotel pertencente à INATEL é o principal estabelecimento hoteleiro para quem tenciona pernoitar nas imediações da aldeia. Por não existir muitas opções de alojamento perto de Piódão aconselhamos a reserva deste hotel com algum tempo de antecedência tendo em conta a procura. De destacar que este hotel é dotado de piscina interior com sauna e jacuzzi, pequenas mordomias que se tornam bastante prazerosas principalmente nos dias em que o frio se abate sobre a aldeia de Piódão.
Serra do Açor | Onde comer?
Solar dos Pachecos
No principal largo da aldeia de Piodão encontramos o Solar dos Pachecos, o local ideal para saborear as iguarias da Serra do Açor. Um restaurante típico, decorado de acordo com o património histórico da aldeia que torna uma simples refeição numa experiência ainda mais enriquecedora. No seu cardápio é possível encontrar uma grande variedade de petiscos com destaque para os principais produtos característicos da região, nomeadamente o queijo de cabra, presunto, paio e o bucho recheado. Numa outra divisão é possível ainda adquirir os tradicionais souvenirs alegóricos à aldeia de Piódão, como as tradicionais casas de xisto em miniatura e ainda alguns licores da região.
Os VegOn World deram várias sugestões para refeições vegetarianas ou vegan no artigo sobre a Serra do Açor, por isso se não é apreciador da gastronomia beirã desta região dê uma vista de olhos no artigo deles!
Adorámos a visita à Serra do Açor que, para ser completa, necessitávamos de uma melhor meteorologia, mas fica prometido um retorno em época de Verão para nos banharmos em algumas das muitas praias fluviais e cascatas que visitámos ao longo destes dois dias. Atualmente, a natureza tem-se encarregado de recuperar os danos causados pelos incêndios do Verão de 2017, já existindo claros sinais de reflorestação. As simpáticas pessoas que contactamos, a tranquilidade rural e a boa gastronomia fazem desta região um excelentíssimo local para recarregar baterias da agitação do dia-a-dia. Contamos voltar o quanto antes!