De partida à procura do Portugal genuíno, entre altas serranias de Cabreira e Marão partimos à descoberta das Terras de Basto. A nossa premissa era simples, queríamos ir ao encontro das rotinas rurais cada vez mais exíguas no nosso país e sobretudo queríamos ir para uma região que fosse possível estar em contacto com a natureza e com a história do nosso património. Uma região que cada vez mais aposta nas valências do seu território para potenciar o turismo, mas que continua, ainda hoje, longe de ser uma das regiões com mais procura em Portugal. E sabem que mais? Era exatamente isso que nós procuramos!
Terras de Basto | Região
A região das Terras de Basto está localizada numa zona de transição entre o Litoral Norte e o Interior de Trás-os-Montes, Terras de Basto é constituído pelos concelhos de Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto, Mondim de Basto e Ribeira de Pena. Uma região que junta o melhor de dois mundos, o Minho e Trás-os-Montes e que tem como elo de ligação o incontornável Rio Tâmega. É as paisagens deslumbrantes da serra e dos vinhedos a perder que vista que tornam as Terras de Basto de uma beleza paisagística irrepreensível. Uma população maioritariamente rural onde ser interrompido pelas vacas maronesas nas nossas deslocações é o prato do dia, e onde as tradições foram mantidas de modo quase imaculado. É isto que queremos conhecer, o Portugal profundo!
Terras de Basto | Roteiro
Dia 1
1º Castelo de Arnóia
Começamos o nosso roteiro pelas terras de Celorico de Basto, no imponente Castelo de Arnoia. Incluído na Rota do Românico, a construção deste castelo remonta á época da invasão romana à Península Ibérica, embora não se tenha completa certeza desta afirmação. Construído no topo de um maciço de pedra, este pequeno castelo de traça simples está classificado como Monumento Nacional desde 1946.
A vista do castelo é absurda e é gratificante admirar a natureza e o horizonte verdejante. Para chegar ao castelo prepara-se para uma caminhada de cerca de 10 minutos bastante acentuada. Embora o trajeto seja ingrime, a rua encontra-se em excelente estado de conservação que facilita o acesso.
2º Ecopista do Tâmega
A Ecopista do Tâmega é um percurso pedestre construído sobre um dos percursos ferroviários mais emblemáticos, mas desativado em 1990. São cerca de 40km de extensão entre Amarante e Cabeceiras de Basto, passando também pela vila de Celorico de Basto. Um percurso longo onde poderá avistar de perto as melhores paisagens sobre o rio Tâmega e sobre as florestas da Serra do Marão e do Parque Natural do Alvão.
Nós não realizamos o percurso todo, fizemos apenas o percurso em redor de Celorico de Basto e passamos pela antiga Estação Ferroviária de Celorico de Basto, atualmente uma pousada da juventude. Um percurso agradável, sem desníveis acessíveis a todos.
3º Parque Urbano do Freixieiro
Continuando pela maré de passeios agradáveis, num modo mais urbano mas que dá gosto conhecer. O Parque Urbano do Freixeiro em pleno centro da vila de Celorico de Basto é possivelmente um dos jardins municipais mais bonitos e bem preservados que já visitámos. Desenvolvido nas margens do Rio da Vila este jardim encontra-se bastante arborizado com excelentes zonas de sombra ideal para a realização de um piquenique. Por estar localizado junto ao rio o enquadramento paisagístico torna-se ainda maior com a água a descer sobre os açudes e a passar nos moinhos de água que aparentam ter sido recuperados recentemente.
Se continuarmos pelo caminho do parque na margem direito do rio irá encontrar o Parque de Campismo de Celorico de Basto que apresenta excelentes infraestruturas, uma opção económica para quem tenciona pernoitar pelas Terras de Basto. Como se não bastasse em frente ao parque de campismo existe ainda a Praia Fluvial de Celorico de Basto. Uma praia lindíssima rodeada de verde vegetação. Sem dúvida o sítio certo para ultrapassar com sucesso os dias quentes de verão!
4º Miradouro e Capela da Nossa Senhora do Viso
Localizado na Serra do Viso, a 856m de altitude (ponto mais alto de Celorico de Basto) tivemos aquela que foi uma das melhores vistas panorâmicas da nossa deslocação ás Terras de Basto. A partir do miradouro é possível avistar a Senhora da Graça, o Castelo de Arnóia e toda a floresta que se perde de vista no horizonte. A Capela da Nossa Senhora do Viso foi construída em meados do século XVII e é um local de culto muito importante na região, sendo ainda hoje realizada no 2º domingo de setembro uma romaria até à mesma.
5º Circuito Turístico dos Moinhos de Argontim
Não percebemos bem o porquê, mas somos completamente fascinados por moinhos, sejam eles movidos a vento ou a água. O Circuito Turístico dos Moinhos de Argontim é constituído por um conjunto de dez moinhos de água, recuperados recentemente, localizados na margem do Rio Bugio. Todo o percurso desenvolve-se lado a lado com as levadas que dão vida aos moinhos num enquadramento paisagístico natural ímpar.
Para além dos moinhos pode descobrir ainda no Núcleo Museológico uma antiga serração de madeira também ela movida a água. Além da serração, neste espaço também poderá descobrir um pouco mais relativamente às tarefas rurais da moagem aos longos dos anos.
6º Moinhos de Rei
Nós avisamos que eramos fãs de moinhos! Continuamos na nossa busca por estas tão importantes construções que transforam claramente a forma de moagem de cereais. Depois de uma primeira parte do dia pelo concelho de Celorico de Basto foi tempo de explorar o concelho de Cabeceiras de Basto e não há melhor forma de começar do que pelos Moinhos de Rei.
Em plena Serra da Cabreira, na aldeia típica de Busteliberne encontramos um local verdadeiramente mágico. A área da serra repleta de verde vegetação de temperatura amena e húmida onde o único som audível é da levada e das aves que cantam alegremente. Os Moinhos de Rei foram construídos no reinado de D. Dinis (daí o nome moinhos de rei), e alteraram para sempre a indústria da moagem que há época era apenas realizada através do esforço humano ou animal.
7º Porto d’Olho
Ainda por terras de Cabeceiras de Basto, encontramos uma daquelas vistas que jamais conseguiremos esquecer. Com uma paisagem lindíssima que se perde no horizonte, Porto d’Olho é um óasis de ruralidade onde as tradições e os hábitos rurais permanecem quase intactos. Um local revigorante pela paz transmite, aconselhamos todos a conhecer esta pequena aldeia e despender uns longos minutos apreciar a paisagem e a relaxar num dos locais mais puros do nosso país.
8º Barragem do Oural
Já o dia ia longo quando descobrimos a Barragem do Oural. É o local ideal para a realização de um piquenique, dispõe de excelentes infraestruturas de apoio, com várias mesas, zonas de churrasco, água canalizada e boa iluminação. Nós já não fomos a horas de aproveitar o espaço para um piquenique, mas fomos a tempo de disfrutar da paisagem e da lindíssima barragem que é alimentada por uma cascata que desce ferozmente da montanha.
9º Ponte Medieval de Mondim de Basto
Nós íamos pernoitar em Mondim de Basto e após fazer o check-in descobrimos que ainda tínhamos um tempinho para descobrir um pequeno recanto às portas de Mondim de Basto. A Ponte Medieval sobre o rio Cabril está inserida num local de uma envolvência natural capaz de deixar qualquer um sem palavras. Nas imediações existe ainda uma pequena zona ideal para quem procura refrescar-se nas águas límpidas do rio.
Segundo consta por esta ponte passaram tropas romanas e francesas e hoje em dia é parte itinerante dos Caminhos de Santiago. Um local com uma incontornável importância histórica que permanece até aos dias de hoje em excelente estado de conservação. Vale a pena conhecer!
Dia 2
1º Capela da Nossa Senhora da Piedade
Iniciamos o dia pela vila de Mondim de Basto, pela Capela da Nossa Senhora da Piedade construída numa ingrime montanha. Os seus traços exteriores são simples de formato retangular e no momento da nossa visita não foi possível ficar a conhecer o seu interior pela mesma se encontrar fechada. Pela localização em local elevado, a vista para as montanhas é privilegiada e merece uns minutos dedicados admirar a sua panorâmica.
2º Miradouro de Paradança
Numa região montanhosa como esta seria um desperdício não aproveitar as vistas panorâmicas que os locais mais altos proporcionam. Nesse sentido e aproveitando as excelentes condições naturais da serra a Câmara Municipal de Mondim de Bastos desenvolveu uma Rede de Miradouros que conta com oito miradouros sinalizados.
Um desses miradouros é o Miradouro de Paradança que tem uma vista impressionante sobre a vila de Mondim de Basto e seus campos verdejantes que a rodeiam. Como na maioria dos locais elevados da região das Terras de Basto, daqui também é possivel avistar o Monte Farinha e a majestosa Senhora da Graça.
3º Piocas de Baixo
O Parque Natural do Alvão está cheio de pequenos recantos naturais incríveis, são lugares como este que nos trazem até às Terras de Basto. As Piocas de Baixo são um conjunto de pequenas lagoas formadas nos afloramentos rochosos do Rio Olo. Nos dias quentes estas lagoas são invadidas pelos veraneantes que procuram refrescar-se nas suas águas límpidas, mas gélidas.
Como chegar às Piocas de Baixo?
A melhor forma de chegar às Piocas de Baixo é seguir pela N304 e virar no entroncamento em direção às placas indicativas “Lamas de Olo” e “Fisgas de Ermelo”. Continuando por essa estrada irá encontrar uma indicação de um parque estacionamento. Do parque até às Piocas de Baixo é cerca de 1,5km a pé.
4º Capela da Nossa Senhora do Fojo
A caminho do Miradouro das Fisgas de Ermelo encontramos uma simpática capela, a Capela da Senhora do Fojo ou Capela de São José do Fojo. A sua localização em pleno Parque Natural do Alvão é inacreditável e contrasta com toda a natureza que a rodeia. Segundo consta foi construída em honra de São José e abre portas para a realização de uma missa no dia do pai.
Achamos bem queridinha e aproveitamos para tirar umas fotografias com ela!
5º Fisgas de Ermelo
As Fisgas de Ermelo são uma das principais atrações das Terras de Basto e do Parque Natural do Alvão e não é para menos! As Fisgas de Ermelo é uma das maiores cascatas de Portugal, com cerca de 200 metros de altura, que se divide em saltos sucessivos e formando assim diversas piscinas naturais que em dias quentes são muito apetecíveis para ir a banhos.
A melhor forma de conhecer as Fisgas de Ermelo é realizar o seu trilho, mas prepara-se para um percurso de 12,5km ida e volta. O trilho encontra-se bem sinalizado e tem início na pequena aldeia de Ermelo, junto à Igreja Paroquial. Pelo caminho irá encontrar as melhores paisagens do Parque Natural do Alvão e muitas lagoas naturais para se refrescar.
Dica
Quer visitar as Piocas de Cima, principais lagoas das Fisgas de Ermelo sem realizar o percurso de 12,5km?
A melhor forma de o fazer é dirigir-se à localidade de Vazigueto e depois seguir pela EM1206 até uma viragem à esquerda onde irá encontrar um estacionamento de terra onde pode deixar o seu automóvel. Depois deverá seguir o trilho, já batido, com bastante cuidado devido ao desnível.
6º Cascatas de Bilhó
As cascatas de Bilhó, pertencentes ao Rio Cabrão estão localizadas na berma da estrada EN312, entre Cavernelhe e Bilhó. A partir da estrada é possível subir cuidadosamente pela encosta em busca das lagoas naturais de águas límpidas, mas gélidas. As quedas de água estendem-se por 300m o que proporciona condições morfológicas ideais para a criação de pequenas lagoas.
Na nossa visita infelizmente a meteorologia não permitia ir a banhos, mas ainda assim ficamos encantados com o lugar e com todo o misticismo da serra em dias frios e de nevoeiro.
7º Senhora da Graça
A cerca de 1000m de altitude bem lá no alto do Monte Farinha está localizado o Santuário da Nossa Senhora da Graça, um dos locais mais míticos de Portugal. A construção da primeira capela estima-se ter ocorrido no século XVI sendo todo o monumento construído a granito, um dos principais ativos da região.
Atualmente é um local de romarias das gentes das Terras de Basto e local de chegada da etapa mais mítica da Volta a Portugal em Bicicleta. Atualmente em dias limpos a encosta do Monte Farinha é utilizada para a prática de parapente, sendo por isso comum ver o céu invadido pelos amantes desta modalidade.
Na nossa visita a meteorologia não estava do nosso lado existindo nuvens e muito nevoeiro que não nos deixavam contemplar a vista fantástica. Por sorte, após poucos minutos da nossa chegada e de uma pequena visita à ermida o céu abriu por momentos e deixou-nos apreciar da vista fantástica sobre a serra e sobre Mondim de Basto. A Nossa Senhora da Graça é sem dúvida o ex-libris de Mondim de Basto!
8º Miradouro do Paço
Continuando às voltas pela serra encontramos mais um miradouro que está incluído na Rede de Miradouros de Mondim de Basto, desta feito o Miradouro do Paço. Se passarem por lá não deixem de despender uns minutos a apreciar a paisagem deslumbrante da serra. Visitar as Terras de Basto é parar nos locais mais inusitados e ficar a admirar as bucólicas vistas onde nunca nos cansamos de admirar as maravilhas da natureza. O Miradouro do Paço é o local ideal para isso!
9º Campanhó
Por culpa da Rede de Miradouros de Mondim de Basto íamos à procura do Miradouro de Campanhó quando fomos surpreendidos por uma pitoresca vila que rapidamente nos chamou à atenção. Num refúgio de tranquilidade sem limites somos surpreendidos por uma pequena aldeia que polvilha a paisagem nos seus inúmeros socalcos. A topografia acentuada da Serra do Marão obrigou à construção das aldeias e suas hortas em socalcos, a verdade é que paisagem só tem a agradecer.
10º Cascata de Galegos da Serra
A nossa última parada é a Cascata de Galegos da Serra que embora pertença ao Parque Natural do Alvão já não pertence às Terras de Basto. Na verdade, esta cascata pertence ao concelho de Vila Real, mas pela sua beleza e proximidade decidimos visitá-la e coloca-la no nosso roteiro.
A queda de água tem cerca de 8m e forma uma generosa lagoa que reflete o verde da natureza que a circunda. Embora a cascata esteja localizada nas proximidades da M1214 para lá chegar é necessário descer por uma escadaria e na parte final saltitar de pedra para pedra até chegar às suas águas. Portanto ao visitá-la aconselhamos algum cuidado para que não ocorra nenhum incidente. Contudo o local merece e muito esse pequeno esforço!
Terras de Basto | Onde dormir?
Tendo em consideração as deslocações e a proximidade aos locais de maior interesse consideramos que a melhor opção é ficar alojado no município de Mondim de Basto. Se permanecer vários dias na região poderá tornar-se económico pernoitar em Celorico de Basto ou Cabeceiras de Basto. Contudo consideramos mais cómodo montar o seu “quartel-general” em Mondim de Basto e daí realizar os percursos em seu redor.
Na nossa estadia, pelo estudo prévio que realizamos consideramos a melhor opção de alojamento o Mondim Hotel & SPA localizado na zona centro de Mondim de Basto. Um hotel moderno, com equipamentos em excelente estado de conservação e com um quarto generoso com boas condições de higiene e isolamento sonoro. O pequeno-almoço embora não fosse dos mais elaborados que já tenhamos provados era bastante satisfatório face ao valor económico da estadia.
Caso pretenda uma escapadinha romântica, num hotel com um SPA completo e com piscinas exteriores fenomenais a opção que recomendamos é pernoitar noÁgua Hotels Mondim de Basto.
Terras de Basto | Onde comer?
Uma certeza poderá ter, não sairá das Terras de Basto com a barriga a dar horas! Na nossa passagem aproveitamos para conhecer alguns restaurantes e em todos eles tivemos ótimas experiências gastronómicas. Uma região onde a carne maronesa é a rainha e onde saber confecioná-la com mestria parece comum por estas bandas.
Adega dos 7 Condes
Localizado no centro histórico de Mondim de Basto, fomos à procura da Adega dos 7 Condes que tem a fama de ter a melhor posta maronesa de Portugal. Portanto à partida já sabíamos o que ia ser a nossa refeição, e não podíamos ter escolhido melhor. Fomos presenteados com uma posta maronesa generosa e tenra com batatas a murro e migas para acompanhar. Para beber pretendíamos um vinho verde tinto para o que nos foi aconselhado a provar o vinho da colheita própria da família do proprietário, que era uma verdadeira maravilha. Para sobremesa escolhemos o leite creme e estava igualmente delicioso. Um espaço diferenciado e com imensa qualidade que aconselhamos vivamente.
Casa da Cainha
A Casa da Cainha igualmente localizado no centro histórico de Mondim de Basto, praticamente na vizinhança da Adega dos 7 Condes. Desta vez não fomos à procura da posta maronesa, mas segundo consta é igualmente deliciosa. Decidimos iniciar a nossa refeição com umas deliciosas pataniscas de bacalhau, servidas ainda quentinhas e de textura fofa. Para prato principal foi-nos servido uma gigante posta de bacalhau à lagareiro confecionada de um modo que até à data nunca tínhamos visto. Para acompanhar a refeição, continuamos pelo melhor da região, o vinho verde, mas desta feita um vinho verde branco que estava divinal. Para terminar nada melhor do que trocar uns dedos de conversa com o simpático casal proprietário do espaço, que foram bastante simpáticos e hospitaleiros. Uma experiência a repetir!
2 comentários
A dada altura Cabeceiras de Basto passa a Cabeceiras de Baixo!!!
Ficou a viagem a 3/4. Faltou Ribeira de Pena e o seu lindo rio Poio!
Olá Luís. Obrigada pela correção, como deve calcular num artigo tão extenso como este é perfeitamente normal encontrar alguns erros, pois por muito que revisamos há sempre algo que escapa.
Tendo em conta os poucos dias que tivemos para explorar esta região muitas coisas ficaram por ver, mas a boa notícia é que assim temos motivos para voltar ?