fbpx

Marrocos, o que visitar? Roteiro de 12 dias

por pontodepartida

Marrocos, um destino que tem tanto de tão próximo, como de tão diferente! Separados pelo Mediterrânio, e por um enorme choque cultural, Marrocos é claramente o país em que, com uma passagem económica e uma viagem rápida, conseguimos visitar uma realidade completamente diferente da nossa! 

Além de claras diferenças culturais, assentes numa cultura dominantemente muçulmana, as diferenças paisagísticas são igualmente gritantes, sendo um país maioritariamente seco e árido, que é uma das portas de entrada do Deserto do Sahara. E não negamos, foi a busca pelas paisagens sublimes do deserto um dos grandes motivos da nossa viagem. E valeu a pena e de que maneira!

Marrocos | Dicas úteis

  • Necessidade de apresentar passaporte com pelo menos duas páginas em branco e pelo menos 6 meses de validade. A maioria dos países estão isentos de visto para estadias até 90 dias, como Portugal ou Brasil;
  • Moeda oficial de Marrocos é o Dirham e 1€ corresponde a 10,87 dhs;
  • Dinheiro físico é necessário, apenas nas grandes cidades é mais usual a utilização de cartão multibanco;
  • Levantar dinheiro no Al Barid Bank, onde não se paga taxas com o Cartão Revolut. Na Praça el-Fna existem três máquinas deste banco;
  • Comprar um SIM Card no aeroporto de Marraquexe para ter acesso à internet. As operadoras Orange e Inwi são as mais comuns e pedem 20€ (em dinheiro) por 20GB;
  • Árabe Marroquino é a principal língua falada em Marrocos. Em Marraquexe muitas pessoas falam inglês, mas de modo geral o francês (e o espanhol no norte de Marrocos) são os idiomas mais comuns;
  • Na hora de fazer compras, regatear em Marrocos é incentivado e necessário;
  • Não existem “tours grátis” em algum momento irão cobrar por ter-lhe mostrado algum sítio ou caminho;
  • Sexta-feira é considerado dia sagrado e muitas lojas estão fechadas. Por isso é aconselhável fazer algumas compras com antecedência;
  • Beber sempre água engarrafada;
  • Não existem vacinas obrigatórias para visitar o país.

Marrocos | Quando visitar?

O clima em Marrocos é quente e seco, atingido facilmente temperaturas insuportáveis nos meses de verão. Por isso, a melhor época para visitar o país é nas estações da primavera e outono. Ainda assim, prepare-se para temperaturas a rondar os 30 graus, mas suportáveis, para conhecer as cidades e o deserto.  Durante os meses de inverno as temperaturas são agradáveis para visitar o país, aconselhamos apenas a trazer agasalho para os passeios noturnos, momento em que as temperaturas descem consideravelmente.

Na região costeira as temperaturas são mais amenas, mas ainda assim, é possível ir a banhos nas meias estações.

Como se deslocar no país?

A melhor forma de explorar o país é sem dúvida de automóvel, de modo a ter autonomia para dedicar o tempo que necessitar a cada cidade e poder fazer paragens para apreciar as paisagens que bem entender. Se não considerar utilizar o ferry entre Algeciras (Espanha) e Tânger (Marrocos) com viatura própria, pode sempre alugar um carro no aeroporto de chegada, como nós fizemos. Viajamos de Lisboa para Marraquexe e pegamos o nosso carro no aeroporto na companhia AirCar que escolhemos através do Discovercars, um site de aluguer de carros que agrega as melhores opções.

Caso pretenda conhecer o país através de transportes públicos é igualmente possível, embora perca grande parte da sua flexibilidade. No norte do país existe uma boa rede ferroviária entre as principais cidades (Casablanca, Rabat, Fez e Tânger), sendo que na região sul o método mais usual é autocarros ou táxi. Em caso de utilização de táxi não se esqueça de negociar, os marroquinos não consideram desrespeitoso, bem pelo contrário. 

Gastronomia

A gastronomia marroquina é diversificada e muito rica em especiarias, frutos secos e legumes. Dada a utilização de várias especiarias os sabores são maioritariamente intensos devido à utilização de cominhos, canela, açafrão, pimenta e gengibre. Não se assuste, o nosso estômago não notou qualquer problema nos 12 dias de viagem.

As iguarias mais comuns são:

  • Chá de menta – oferecido praticamente em todo o lugar
  • Tagine – nome de um recipiente de barro onde é cozinhado em lume brando legumes com algum tipo de carne (frango, cordeiro, peixe)
  • Cuscuz – massa em formato de cuscuz cozinhado em vapor que pode ser acompanhado com legumes, carne ou peixe
  • Pastilha – folhado de massa fina com recheio agridoce com frango ou cordeiro
  • Harira – principal sopa, feita com vários legumes, pode conter carne, grão de bico ou lentilhas

Marrocos | Roteiro

A nossa roadtrip por Marrocos teve a duração de 12 dias, sendo alguns deles em longas viagens de carro. Considerando a dimensão do país, acreditamos ser o período ideal para o descobrir e sem, para isso, entrar em enormes correrias ou desaproveitar alguma das cidades.

Deixamos abaixo o nosso roteiro detalhado, com os locais que visitamos ao longo da nossa roadtrip.

1º Dia – Marraquexe

A 1.30h de distância de Lisboa e com vários voos a preços bastantes acessíveis, Marraquexe foi o ponto de partida do nosso roteiro por Marrocos. Chegamos pelas primeiras horas da manhã à cidade, o que nos permitiu ter um contacto satisfatório com a cidade logo no primeiro dia. 

O primeiro contacto com Marraquexe é como se de um mundo novo se tratasse, sobretudo um mundo novo de sensações. Odores fortes das especiarias, cores vivas das paredes, dos curtumes e do vestuário e uma agitação que em tudo estranhamos, como bons comuns ocidentais que somos. 

Iniciamos a nossa visita à cidade, onde tudo acontece, na sua Medina – a parte amuralhada e mais antiga de Marraquexe. É no seu interior que se encontram a maioria das atrações e principalmente os seus souks (mercados), que foram de longe os nossos locais favoritos. No interior da Medina as ruas e ruelas estão na sua maioria preenchidas de comércio, existindo alguns locais específicos para cada área, como o Souk Semmarine (Mercado dos Candeeiros) ou o Souk des Epices (Mercado das Especiarias).

No nosso primeiro dia, ainda tivemos tempo de visitar a Praça Jemaa el-Fnaa, praça central e mais importante de Marraquexe, e ganha vida principalmente ao fim da tarde que se prolonga até à noite com comércio variado, encantadores de serpentes, artistas e várias barraquinhas de comida tradicional. Nas proximidades localiza-se a Mesquita Koutoubia, principal mesquita da cidade, mas onde não é permitida a entrada a não muçulmanos.

Tivemos ainda tempo de visitar o Palácio El Badi, um enorme complexo, mas maioritariamente despido, que tem como curiosidade ter sido construído como comemoração da vitória aos portugueses na Batalha dos Três Reis.

Onde dormir?


Riad Adika – Dormimos as duas primeiras noites neste riad, o alojamento típico marroquino, e só temos apontamentos positivos a destacar. Localizado na Medina de Marraquexe, nas proximidades das principais atrações, com um quarto amplo e bem decorado. O que mais destacamos é a variedade e qualidade do pequeno-almoço e com quantidades assinaláveis.

Onde comer?


Café Atay – O Café Atay foi o restaurante onde tivemos o nosso primeiro jantar e foi uma excelente escolha. Tivemos a oportunidade de comer no seu rooftop com vista para a Medina no momento do pôr-do-sol. A comida era deliciosa e o ambiente bastante simpático.

La Cantine des Gazelles – Espaço mítico da cidade que se destaca com os seus tons cor de rosa da esplanada. Comida é tradicional, neste restaurante experimentamos alguns dos seus pratos mais afamados, como: tagine, pastilha e cuscuz.

Café Des Épices – Um dos restaurantes/cafés mais instagramáveis de Marraquexe. Não almoçamos nem jantamos, mas fizemos um lanche e a qualidade da sandes era de grande nível. E comprovamos que realmente o espaço, composto por vários andares, está decorado com muito bom gosto e com uma preciosa vista para a Place des Épices.

2º Dia – Marraquexe

O nosso segundo dia iniciou-se por uma atração localizada poucos metros do nosso riad, a Madrassa Ben Youssef. A Madrasa é para nós a atração que arquitetonicamente mais nos impressionou, com os seus azulejos de cor sóbria e as suas madeiras trabalhadas com muito gosto. Uma Madrassa é uma escola muçulmana de ensino superior, especializada em estudos religiosos e a Madrassa Ben Youssef é a maior de Marrocos, que conseguia hospedar mais de 900 estudantes nos seus 130 quartos.

Outra das atrações mais emblemáticas da cidade são os Jardins Majorelle, uns jardins lindíssimos construídos em redor de uma casa pintada em tons de azul majorelle – como o próprio nome indica foi o criador desta cor, Jacques Majorelle, que foi o inventor desta tonalidade de azul. Os jardins estão localizados ligeiramente fora da Medina, pelo que é necessária uma caminhada de cerca de 30min ou então recorrer a um táxi. Embora gostássemos dos jardins, consideramos o seu preço ligeiramente elevado (cerca de 15€/pessoa em 2024).

Para além destas atrações existem vários locais que merecem destaque e uma visita, como: o Jardim Secreto, Túmulos Saadianos, Palácio da Bahia e o Mellah (bairro judeu).

3º dia – Aït Ben Haddou – Óasis de Fint – Ouarzazate

Aït Ben Haddou

Pela manhã, pegamos no carro e iniciamos aquilo que seria a nossa roadtrip por Marrocos e seguimos até ao mítico Aït Ben Haddou. Considerado Património Mundial da UNESCO esta cénica cidade fortificada no sopé de uma colina serviu de cenário a alguns dos mais emblemáticos filmes e séries, como: Game of Thrones, Gladiador, Príncipe da Pérsia ou A Múmia. 

Ainda íamos no caminho e a nossa admiração já surgia com a forma como a cidade foi construída, toda ela em argila desde as casas à muralha, originando uma simbiose cromática perfeita com as colinas que a rodeiam. A cidade tem à sua porta um pequeno rio que, na nossa visita, estava praticamente seco. Ao entrar na cidade vamos cruzando as suas ruas estreitas e argilosas enquanto vamos descobrindo as melhores vistas e becos fotogénicos.

Dica: Evitar os scams da entrada de Aït Ben Haddou

O complexo amuralhado de Aït Ben Haddou tem várias entradas, sendo a principal acessível através da ponte e é por essa que deve considerar entrar de forma a evitar os indesejados scams de compra de bilhete para visitar a cidade. Ao longo da muralha existem várias entradas secundárias, que costumam ter pessoas a exigir o pagamento de um bilhete para entrar na cidade. Nunca se esqueça, a entrada na cidade é completamente gratuita!

A única atração paga na cidade e pela qual eles forçam o pagamento logo na entrada é o Ksar, que é apenas uma pequena construção na cidade. Estejam atentos.

Óasis de Fint

Dado as estradas que fomos encontrando no caminho para o próximo destino, desérticas, cheias de cascalho e cidades semiconstruídas, nada levaria a crer que íamos encontrar o local que encontramos de seguida. Um jardim no meio do deserto, o dito oásis, que é na verdade um palmeiral com muitas árvores, um rio onde se encontravam vários locais a banharem-se e muitos animais. Um local bem peculiar, se tivermos em conta a paisagem que o rodeia.

Ouarzazate

Ao final do dia chegamos à cidade de Ouarzazate, onde ficamos hospedados e acabamos por fazer uma visita à sua zona central. O local mais badalado e onde todos os tours param é o mítico Atlas Studios, um estúdio hollywoodesco onde foram filmados vários filmes de renome como o Gladiador, Alexandre, o Grande, Lawrence da Arábia ou Babel. No estúdio estão os cenários de gravação desses filmes que por ali foram produzidos dada a facilidade em simular ambientes desérticos, encontrar figurantes e ainda o baixo custo de construção dos cenários.

O centro da cidade de Ouarzazate é bem simples e turisticamente sem grande interesse para além do Kasbah de Taourirt, que apenas vimos por fora porque fomos avisados que se encontrava fechado de momento. 

Onde dormir?


Dar Rita – O Dar Rita localizado em Ouarzazate tem como anfitriã a portuguesa Rita, que se aventurou por terras marroquinas e por ali decidiu estabelecer-se e criar este alojamento. Fomos muito bem recebidos, com muita hospitalidade, e lá realizamos duas refeições: o jantar e o pequeno-almoço e ambos estavam deliciosos. 

Onde comer?


The Full Sun – Almoçamos neste restaurante na nossa chegada a Ourzazate, num espaço que mistura a gastronomia típica com alguma gastronomia mundial. Fomos bem recebidos e a qualidade da comida era muito boa.

4º dia – Skoura – Thingir – Garganta do Todra – Merzouga

Skoura

Após 45 minutos de viagem decidimos parar na primeira grande cidade após Ouarzazate, a cidade de Skoura que em nada nos impressionou à exceção do Kasbah Amridil. Uma vistosa fortificação localizada nas proximidades do palmeiral de Skoura, construída através do tradicional adobe (tijolo fabricado com terra, água e palha). 

Antes da visita, o engraçado começa logo no início, o kasbah apresenta três entradas: uma delas é uma pousada (à esquerda), e as outras duas são segundo as placas “o verdadeiro kasbah” e ambas as entradas cobradas separadamente. Nós optamos pela entrada do meio e não nos podemos arrepender. O kasbah estava bem preservado e com alguns lugares bem fotogénicos.

Soubemos então que o motivo das duas entradas deve-se a desentendimentos familiares após uma herança, sendo por isso cada parte de um herdeiro diferente. 😛

Thingir

Seguimos até Thingir para conhecer o seu oásis, de longe o mais bonito e também o maior, uma vez que se estende por cerca de 15km. Na estrada que liga Thingir até à Garganta de Todra existem diversos miradouros onde podemos admirar a paisagem avermelhada das casas de argila rodeadas de rochedos com os mesmos tons, onde desponta no seu vale um enorme palmeiral. A paisagem é soberba e bastante fotogénica.

Garganta do Todra

Após uma longa jornada lado a lado com o Palmeiral de Thingir, chegamos finalmente à Garganta do Todra, um dos fenómenos geológicos mais impressionantes de Marrocos. Um canyon com mais de 300m de altura, formam umas autênticas muralhas de pedra onde, no seu meio, corre o tímido Rio Todra, com um caudal bastante reduzido.

Chegar até às Garganta de Todra é bastante fácil, a estrada encontra-se asfaltada e atravessa o canhão ao meio. Num dos pontos, as duas escarpas estão apenas distanciadas 10m uma da outra. Dado a facilidade e proximidade com Thingir justifica plenamente a sua visita.

Merzouga

Depois de 3h de condução chegamos ao sítio mais aguardado da nossa viagem, Merzouga! Pelas horas que chegamos, e pelo cansaço da viagem, ainda não foi no quarto dia que exploramos o Deserto do Sahara e as suas famosas Dunas Erg Chebbi.

Onde dormir?


Hotel Kasbah Azalay – Recebidos com a simpatia que caracteriza o povo marroquino, ficamos hospedados na nossa 1ª noite em Merzouga, mesmo em frente às famosas dunas Erg Chebbi. Depois de um dia com várias horas de condução decidimos mimar-nos e ficar hospedados num hotel com piscina exterior para aproveitarmos o calor marroquino da melhor maneira. Tanto o jantar, uma deliciosa tagine, como o pequeno-almoço foram deliciosos. 

Onde comer?


Resturant Nora – Somos fãs de pizza e mais ficamos com a variedade que aqui nos foi apresentada – pizza berbere. Um pão escamoso recheado com vegetais e uma pequena quantidade de carne, uma verdadeira delícia. Este espaço é um verdadeiro oásis da restauração em Merzouga.

5º Dia – Merzouga

A nossa manhã do quinto dia foi sobretudo dedicada ao descanso! Após uns dias de longas viagens, alguns quilómetros de caminhada, achamos por bem abrandar e descansar na piscina do Hotel Kasbah Azalay. Uma piscina com vista para as enormes Dunas Erg Chebbi, onde repousamos e aproveitamos para repor as energias para os passeios pelo deserto.

Sirocco Luxury Camp – Acampamento no interior das Dunas Erg Chebbi

Um dos momentos que mais aguardávamos na nossa visita a Marrocos era exatamente explorar o deserto pela primeira vez. As Dunas Erg Chebbi são o conjunto de dunas mais populares do país e também as maiores, com cerca de 5km de largura e 22km de comprimento. Embora a área não seja verdadeiramente enorme quando estamos no seu interior, onde algumas dunas chegam a ter 150m, temos a sensação que estamos numa área bem maior, uma vez que em todo o horizonte só vemos enormes dunas de areia.

Para termos uma melhor experiência recorremos ao Sirocco Luxury Camp, onde para além de organizar a hospedagem nas suas tendas localizadas no deserto, tratam igualmente de todas as atividades. Após reservamos no Booking somos contactados pela equipa que nos dá a conhecer as possibilidades de chegar até ao acampamento que são de passeio de camelo, 4×4 ou Moto 4. Nós escolhemos o passeio de camelo, que durou cerca de 1.30h, onde nos foi possível parar e assistir ao pôr do sol.

Para além dessas possibilidades, o serviço inclui ainda jantar, momento de convívio com música berbere e ainda admirar o céu estrelado do deserto. Uma experiência que recomendamos vivamente!

6º Dia – Vale do Ziz – Fez

Vale do Ziz

O dia começou cedo, decidimos acordar antes das 6h da manhã para ver o nascer do sol no deserto e foi um momento magnífico. O sol matinal a iluminar a areia dourada na calma tranquilizadora do Sahara é uma experiência que vale de todo o esforço madrugador. Após o pequeno-almoço chegamos até Merzouga de 4×4, onde voltamos ao nosso carro alugado para fazer a maior distância na nossa roadtrip que demorou cerca de 7h até Fez.

Nessa longa viagem paramos num miradouro com vista para um enorme palmeiral, aliás é um dos maiores palmeirais por km2 do mundo. Situado entre Midelt, nas Montanhas do Atlas, e a cidade de Errachidia, a paisagem montanhosa em redor do vale repleto de palmeiras justifica uma pequena paragem.

Fez

A nossa chegada a Fez foi tardia, já ao final da tarde, e não conseguimos aproveitar como pretendíamos este 6º dia pela cidade. As nossas expetativas eram altas, devido à sua autenticidade, sendo uma cidade que melhor guarda as tradições e cultura marroquina.

Fez é conhecida pela sua Medina, considerada a mais antiga do Norte de África, que pela sua importância histórica é classificada como Património Mundial pela UNESCO. A melhor experiência é perder-se pela Medina, e quando falamos em perder-se é literalmente perder. A parte velha da cidade é labiríntica, com milhares de ruas e becos onde o próprio Google Maps se sente perdido. Com calma encontrará o caminho, acaba por ser a parte gira e diferente da cidade.

Onde dormir?


Riad Ouliya – Localizado bem no centro da caótica medina de Fez, este humilde riad visto do exterior, nada se assemelha com a decoração fabulosa do espaço que data do século XIV. Muita simpatia, tanto do anfitrião como da equipa, o quarto era espaçoso e higiénico. Além da dormida, ainda jantamos e tomamos o pequeno-almoço, sendo ambas as refeições de grande qualidade.

Onde comer?


Fondouk Bazaar – Localizado na Rua Talaa Kebira, uma das principais ruas da Medina de Fez, este luxuoso restaurante é sem dúvida um dos melhores espaços para comer na cidade. Além da decoração que impressiona a comida é tradicional e o serviço bastante simpático.

7º Dia – Fez

Fez

Por ser completamente diferente dos costumes ocidentais, Fez era a cidade que mais ansiávamos visitar. Iniciamos o dia bem cedo para sentirmos a cidade acordar e observar a agitação a crescer em torno da maior zona urbana pedonal do mundo.

Decidimos explorar a famosa Fez el Badi (Fez-a-Velha) onde, no seu interior, esperava-nos cerca de nove mil ruas e com isso muitos enganos e peripécias. De um conjunto de várias atrações espalhadas pela Medina, acreditamos que as mais imperdíveis são: os curtumes Chaouwara Tanneries (os curtumes mais antigos mundos), a Madraça Bu Inania (uma escola corânica onde no seu interior encontramos o pátio que, arquitetonicamente, mais nos impressionou, e as ruas Talaa Sghira e Rue Talaa Kebira (principais ruas comerciais da cidade).

Tivemos tempo ainda, da parte da tarde, explorar Fez el Jdid (Fez-a-Nova) onde encontramos o Palácio Real de Fez, o Mellah (bairro judaico), os Jardins Jnan Sbil (principais jardins da cidade) e o Bjord Nord (melhor vista).

8º Dia – Meknès – Volubilis – Chefchaouen 

Meknès

Após uma viagem de cerca de 70km chegamos até Meknès, uma das cidades imperiais de Marrocos, tal como Marraquexe, Fez ou Rabat. Esta cidade fundada no século X, teve como o seu ponto alto o ano 1672, quando o sultão Moulay Ismail declarou-a cidade capital do país. 

Com traços claramente imperiais tivemos como primeira paragem e primeira desilusão, o seu grande cartão de visita, a Bab Mansour, principal porta da cidade, mas que no momento da nossa visita encontrava-se em obras de restauro. Em frente a praça principal, igualmente em obras, a Place Hedim onde habitualmente se instala o comércio.

Aconselhamos ainda a visitar o Mausoléu de Moulay Ismail, que é uma antiga mesquita transformada em mausoléu, onde se encontra sepultado Mulai Ismail e ainda o Museu Dar Jamai que é um museu etnográfico relativo à identidade sociocultural do país. 

Onde comer?


Aisha – No centro da medina de Fez encontra-se o Aisha, um restaurante totalmente gerido por mulheres e onde toda a comida sabe a familiar. Recebidos com chá de menta avançamos para uma saborosa harira, sopa típica, e terminamos com uma tagine. Aconselhamos vivamente este restaurante.

Volubilis

Seguimos até Volubilis, uma antiga cidade romana, onde no seu auge chegaram a viver mais de 20.000 pessoas dedicadas principalmente ao cultivo de trigo por ordem de Roma. O Império Romano liderou a cidade até ao século III, momento em que foi tomada por berberes, gregos, sírios e judeus. Atualmente é Património Mundial da UNESCO, desde 1997.

A sua visita custa 20 dirhams/pessoa (cerca de 20€ – preço de 2024) e onde pode conhecer as ruínas extraordinariamente preservadas. O que impressiona são os seus mosaicos, onde claramente mostra a riqueza e importância da cidade para o Império Romano. 

Chefchaouen

Ao final do dia seguimos até Chefchaouen, mas já sem tempo de explorar convenientemente a cidade. Tempo apenas de realizar o check-in do hotel e dirigirmo-nos até à Plaza Uta el Hamman, principal praça da cidade e onde encontramos o espaço perfeito para jantar e aproveitar a vibe descontraída da cidade.

Onde dormir?


Hotel Alkhalifa – Localizado ligeiramente fora da medina, num local com fácil acessibilidade mesmo em frente ao principal estacionamento da cidade. Um hotel simples, mas com todas as utilidades que apreciamos, ou seja, higiene e conforto. O ponto que mais se destacou foi o pequeno-almoço, que era um verdadeiro banquete de tremenda qualidade.

Onde comer?


Sofia – O nosso primeiro jantar foi num dos restaurantes mais característicos da cidade, o Sofia, todo ele dedicado à gastronomia tradicional. Destacamos um prato típico da casa, diferente do que tínhamos experimentado ao longo da viagem, os “rolos da sofia” que são na verdade uns rolos de massa que podem ser recheados com frango ou cabrito.

MIDO’S – Para uma refeição mais simples e económica aconselhamos o MIDO’s, onde encontramos sandes verdadeiramente deliciosas.

9º Dia – Chefchaouen 

Chefchaouen 

O nosso entusiamo para conhecer a “Pérola Azul de Marrocos” era imenso, sempre tivemos curiosidade em conhecer a cidade onde as ruas, casas, muros e escadas estão todas elas pintadas de azul.

A melhor forma de o fazer é vaguear pelas suas ruas e ir descobrindo os recantos super fotogénicos que se encontram espalhados por toda a cidade. O interior da sua Medina está repleto de lojas com muito bom gosto, perfeitamente decoradas e onde comercializam produtos que são verdadeiras obras de arte.

Embora seja uma cidade claramente turística, Chefchaouen é uma cidade mais tranquila em comparação às que visitamos anteriormente. Torna-se muito fácil gostar da cidade, dado a calma e o estado de perfeita conservação em que se encontra a cidade.

Na sua visita não deixe de passar nos seguintes lugares:

  • Callejon El Asri 
  • Place El Haouta
  • Calle Sidi Buchuka 
  • Rua Azul
  • Mesquita Branca
  • El Ouahabi House
  • Praça Uta El-Hammam
  • Kasbah
  • Fonte da Praça Bab el-Sor
  • Mesquita Espanhola (melhor vista da cidade)

10º Dia – Rabat – Casablanca

Rabat

O nosso 10º dia iniciou-se com uma viagem de 4h em direção à capital do país, Rabat. Pela primeira vez na nossa roadtrip sentimo-nos como se estivéssemos a viajar pela Europa. Rabat é conhecida pela sua influência francesa e encontramos o rigor e a dinâmica de uma cidade europeia.

Rabat era a cidade em que tínhamos menores expetativas, mas acabou por se revelar uma visita agradável. Começamos por explorar a Medina de Rabat e os seus souks, de grande dimensão e agitação à imagem do que encontramos em várias cidades marroquinas. Depois seguimos até às principais atrações, começamos pelo Mausoléu de Mohammed V e Torre Hassan, complexo onde se encontram os túmulos do Rei Mohammed V e os seus filhos falecidos. 

Depois visitamos os Jardins Andaluzes e seguimos até ao Kasbah des Oudaïas, fortaleza distinguida como Património Mundial da UNESCO, onde conseguimos observar ótimas vistas para a cidade e para o oceano.

Casablanca

A cidade que se seguia era Casablanca, cidade que, embora não seja a capital, é a maior cidade do país e onde habitam 3 milhões de pessoas. Considerada a capital financeira do país, Casablanca é uma cidade cinzenta, populosa, repleta de arranha-céus, onde o estilo oriental é praticamente é inexistente.

No nosso primeiro dia não tivemos grande contacto com a cidade, para além do trânsito, e por isso deixamos para o próximo dia o calcorrear da cidade.

Onde dormir?


Stayhere Casablanca – Maarif – Elite Residence – Na nossa visita a Casablanca ficamos hospedados neste fantástico apartamento, muito bem apetrechado de equipamentos para quem tencionar cozinhar. Luxuoso e requintado, com estacionamento privado, uma grande mais valia para quem visita a cidade de carro. O pequeno-almoço é servido através de uma box, mas com muito pouca variedade e quantidade.

11º Dia – Casablanca – Essaouira

Sem tempo a perder, iniciamos o nosso dia pelo único motivo, na nossa opinião, que justifica inteiramente a visita a Casablanca. A Mesquita Hassan II é uma das atrações imperdíveis, não só da cidade como de todo o país. Em primeiro lugar é a única mesquita que permite a entrada a não-muçulmanos no país e, em segundo lugar, é arquitetonicamente uma verdadeira obra de arte. Com uma localização perfeita, encostada ao mar, esta mesquita, que é considerada a maior de África, é uma verdadeira ode à arquitetura moderna: com teto de abrir e chão aquecido (aspetos que não esperávamos encontrar). 

Dica: Mesquita Hassan II

A visita dura cerca de 2h e só pode ser realizada através de visita guiada, que acontecem em horários determinados e em vários idiomas (árabe, inglês, espanhol, francês). A entrada custa 140 dirhams/pessoa (cerca de 14€) em que, para além da visita ao interior da mesquita, permite também a visita ao seu pátio, que sem bilhete é inacessível. A única forma de admirar a beleza da mesquita gratuitamente é fora do recinto, por trás de barreiras ou grades.

Voltamos ao centro da cidade para explorarmos alguns dos principais pontos: iniciamos pela Praça Mohammed V, principal praça da cidade, e depois visitamos a Medina de Casablanca que está muito distante da autenticidade da medina de Marraquexe ou Fez. Na nossa passagem encontrava-se fechada, mas o Mahkama du Pacha, é um palácio oriental vistoso que, pelas imagens que vimos, merece uma visita. 

Essaouira

Seguimos até Essaouira, que seria a última paragem da nossa visita a Marrocos. Ao chegarmos deparamo-nos com uma cidade completamente diferente das que tínhamos visitado até então, bem mais pacífica e com uma vibe descontraída. Uma cidade costeira, tipicamente piscatória, onde o som das gaivotas se houve em cada beco e o estilo de vida é bem mais lento. No final da tarde, vagueamos pela cidade livremente e deixámo-nos encantar com a categoria das suas esplanadas e com os sabores divinais da sua gastronomia.

Onde dormir?


Riad Azul – Localizado no centro da medina de Essaouira, este alojamento, embora humilde no exterior, tem no seu interior um vasto riad com todas as mordomias que podíamos necessitar. Tem como grande ponto forte o pequeno-almoço, que é completo e com muita qualidade.

Onde comer?


Restaurant la Tolérance – Numa região costeira tínhamos de provar o peixe. E pela primeira vez provamos tagine com peixe e gostamos muito. Um restaurante típico, mas mais destinado aos sabores vindo do mar.

12º Dia – Essaouira

Essaouira foi a cidade perfeita para terminarmos a nossa roadtip por solo marroquino porque permitiu desacelerar e desfrutar calmamente de uma cidade onde a paz reina. Começamos o nosso dia vagueando pela Medina que, embora não tenha a vivacidade das principais cidades, é bastante agradável e muito dedicada a produtos tipicamente costeiros. Ligado à Medina, seguimos até à Skala de la Ville que é na verdade a muralha e o forte que protegia a cidade de ataques inimigos vindos do Atlântico. Outro local imperdível é a Skala du Port, que é o porto da cidade, um local bastante movimentado onde é possível ver os pescadores em trabalho ou a comercializar o seu peixe. Ao lado do porto inicia-se a enorme Praia de Essaouira que, por falta de tempo, não fomos a banhos, fica para uma próxima!

Leia também

Faça um comentário